«Não é sinal de saúde estar bem adaptado a esta sociedade doente»
Jiddu Krishnamurti

segunda-feira, 24 de maio de 2010


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O MENINO GRANDE

Também eu, também eu,
joguei às escondidas, fiz baloiços,
tive bolas, berlindes, papagaios,
automóveis de corda, cavalinhos...

Depois cresci,
tornei-me do tamanho que hoje tenho.
Os brinquedos perdi-os, os meus bibes
deixaram de servir-me.

Mas nem tudo se foi:
ficou-me,
dos tempos de menino,
esta alegria ingénua
perante as coisas novas
e esta vontade de brincar.

Vida!
não me venhas roubar o meu tesoiro:
não te importes que eu ria,
que eu salte como dantes.

E se riscar os muros
ou quebrar algum vidro
ralha, ralha comigo, mas de manso...

(Eu tinha um bibe azul...
Tinha berlindes,
tinha bolas, cavalos, papagaios...

A minha Mãe ralhava assim como quem beija...
E quantas vezes eu, só pra ouvi-la
ralhar, parti os vidros da janela
e desenhei bonecos na parede...)

Vida!, ralha também,
ralha, se eu te fizer maldades, mas de manso,
como se fosse ainda a minha Mãe...


Sebastião da Gama
Eu hoje deveria escrever alguma coisa, mas não sou capaz.
Não saiem as letras, não solto palavras, não fluem frases.
Estou a tentar arranjar tudo e como nada consigo, sirvo-me do lindo poema de Sebastião da Gama.

sábado, 22 de maio de 2010

Oração pela Familia



Que nenhuma família comece em qualquer de repente
Que nenhuma família termine por falta de amor
Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente
E que nada no mundo separe um casal sonhador!

Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte
Que ninguém interfira no lar e na vida dos dois
Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte
Que eles vivam do ontem, do hoje, e em função de um depois!

Que a família comece e termine sabendo onde vai
E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai
Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor
E que os filhos conheçam a força que brota do amor!

Abençoa, Senhor, as famílias! Amém!
Abençoa, Senhor, a minha também (bis)

Que marido e mulher tenham força de amar sem medida
Que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão
Que as crianças aprendam no colo, o sentido da vida
Que a família celebre a partilha do abraço e do pão!

Que marido e mulher não se traiam, nem traiam seus filhos!
Que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois!
Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho,
seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois!

Que a família comece e termine sabendo onde vai
E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai
Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor
E que os filhos conheçam a força que brota do amor!

Abençoa, Senhor, as famílias! Amém!
Abençoa, Senhor, a minha também (bis)


Padre Zezinho
Composição: Padre Zezinho


De vez em quando vale a pena olhar a nossa história, e lembrar muito do que nos foi belo.
O Padre Zezinho, acompanhou com as suas orações, através das diversas formas de comunicação uma etapa da minha vida, a adolescência. Durante a época a que pertenci ao Grupo de Jovens da Paróquia, foi também a cantar que aprendi a falar com Deus.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Vonda Shepard




Why does the sun go on shining?
Why does the sea rush to shore?
Don't they know it's the end of the world
'Cause you don't love me any more?

Why do the birds go on singing?
Why do the stars glow above?
Don't they know it's the end of the world?
It ended when I lost your love.

I wake up in the morning and I wonder
Why ev'rything's the same as it was.
I can't understand, no I can't understand
How life goes on the way it does

Why does my heart go on beating?
Why do these eyes of mine cry?
Don't they know it's the end of the world?
It ended when you said goodbye

Don't they know it's the end of the world?
It ended when you said goodbye.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O amor é o amor

O amor é o amor - e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?..

O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois? -
espírito e calor!
O amor é o amor - e depois?!
Alexandre O´Neill

Sou uma mulher amada!


segunda-feira, 10 de maio de 2010

Bento XVI



CARTA ENCÍCLICA
CARITAS IN VERITATE
DO SUMO PONTÍFICE
BENTO XVI



“O amor na verdade — caritas in veritate — é um grande desafio para a Igreja num mundo em crescente e incisiva globalização. O risco do nosso tempo é que, à real interdependência dos homens e dos povos, não corresponda a interacção ética das consciências e das inteligências, da qual possa resultar um desenvolvimento verdadeiramente humano. Só através da caridade, iluminada pela luz da razão e da fé, é possível alcançar objectivos de desenvolvimento dotados de uma valência mais humana e humanizadora. A partilha dos bens e recursos, da qual deriva o autêntico desenvolvimento, não é assegurada pelo simples progresso técnico e por meras relações de conveniência, mas pelo potencial de amor que vence o mal com o bem (cf. Rm 12, 21) e abre à reciprocidade das consciências e das liberdades.”

A verdade é que a Igreja, é algo muito superior, aos pecados de alguns dos seus seguidores.

sábado, 8 de maio de 2010

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Para ti mãe:



ilustração de Jessie Willcox Smith

Pequeno poema

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...


Sebastião da Gama

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A GUERRA DAS CALÇAS

Corria o maravilhoso ano de 1969. A questão era se era legal as mulheres usarem calças. É ler porque se trata de um artigo muito interessante para perceber como era a sociedade portuguesa há 41 anos



A GUERRA DAS CALÇAS

sábado, 17 de abril de 2010

...
Agora retrocedo, leio os versos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...
Miguel Torga,

segunda-feira, 22 de março de 2010

GOSTO DE FADO III

Raquel Tavares

"Fala da mulher sózinha"




Já estou farta de estar só
Acompanhada de nada
Já estou louca de ser rua
Tão corrida tão pisada
Já estou prenhe de amizade
Tão barriga de saudade

Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão
E nela entrelaçar
O olhar de uma canção
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto
Mais longe e mais além
Mas a saber que sou alguém

Na cidade sou loucura
Sou begónia sou ciúme
E eu que sonhava ser rua
Caminho atalho lonjura
Não tenho assento na festa
Sou a migalha que resta.

Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão
E nela entrelaçar
O olhar de uma canção
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto
Mais longe e mais além
Mas a saber que sou alguém

Autores:Eduardo Olímpio / Paco Bandeira

Foi mais um dia. Olhei para ti, falei contigo, e nada me mostrou que a vida te sorri.

O olhar vago, para aquele jardim, cheio de flores,de que tanto gostas, entristece-me.

A mão, que já não aperta a minha, como que a dizer-me que estás feliz por me ver, está inerte.

Volto-me de costas, choro, e penso:

"Por algum motivo, Deus te estará a dizer, que apesar de tudo, vale a pena estares aqui ao pé de nós."

Não quero que me vejas chorar, quero rir, e mostrar-te a esperança, mesmo que desconheça, se ainda sabes o que é.

domingo, 21 de março de 2010

Ei-la que chega; A PRIMAVERA

Tres mulheres na Primavera
Pablo Picasso

“A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos… . Os casulos brancos das gardénias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efémera.”
(Cecília Meireles)

domingo, 7 de março de 2010

GOSTO DE:

Música de Rodrigo Leão




"queria de ti um país de bondade e de bruma
queria de ti o mar de uma rosa de espuma"

Mário Cesariny

terça-feira, 2 de março de 2010

UM AMOR

Aproximei-me de ti; e tu, pegando-me na mão,
puxaste-me para os teus olhos
transparentes como o fundo do mar para os afogados. Depois, na rua,
ainda apanhámos o crepúsculo.
As luzes acendiam-se nos autocarros; um ar
diferente inundava a cidade.
Sentei-me nos degraus do cais, em silêncio.
Lembro-me do som dos teus passos,
uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas,
e a tua figura luminosa atravessando a praça
até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é,
o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares ali,
continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha
essa doente sensação que
me deixaste como amada
recordação.
Poema de Nuno Júdice


segunda-feira, 1 de março de 2010

Mãos


"Temos duas mãos e ultimamente olho-as muito,tomo-lhes o peso.São rijas e fortes as nossas mãos,habituadas à geada,ao joio,ao frio das manhãs. Tomam a forma das coisas para as agarrar,as nossas mãos levantam pedras ainda que mais pesadas que elas. Não são transparentes mas sabem muito, têm a sabedoria dos gestos dos nossos avós, dos nossos pais e ainda os nossos. Conhecem a terra as nossas mãos,os dedos têm sabor, as unhas a presença. As mãos conhecem as coisas mesmo quando os olhos já não vêem. As mãos vão até aos outros, mesmo quando a voz se não solta. As nossas mãos semeiam, colhem o trigo, amassam a farinha, partem o pão, levam-no à boca. Não há nada no nosso corpo que saiba tantas coisas, que conheça tanto, como as nossas mãos. Por isso tenho a certeza, de que elas sabem também como se há-de mudar a nossa terra. .... E todo o povo há-de descobrir,todo inteiro, o povo, o peso das mãos, a sabedoria das mãos para fabricar a abundância e a igualdade.
E quem duvidar, há-de experimentar o peso das nossas mãos, mãos de trabalho que sabem de guerra e de foma e querem saber de paz e liberdade. "
Texto de Helena Neves (Junho de 1974)

Mãos, no Museu Rodin, foto de Howard Carson

Foto de Pão, de Maurizio Moro

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Adolescencia I



Quando era adolescente, era esta a música que ouvia.
E divertia-me, muito.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

vou continuar...



Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito

Machado de Assis

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Falsa Polidez

(imagem da net)

"As ofensas, que na verdade consistem sempre na exteriorização da falta de consideração, colocar-nos-iam bem menos fora de nós mesmos se, por um lado, não nutríssimos uma representação tão exagerada do nosso elevado valor e da nossa dignidade - portanto, um orgulho desmesurado - e, por outro, se estivéssemos bastante cientes daquilo que, via de regra, no fundo do coração, cada um crê e pensa dos outros. Que contraste flagrante entre a susceptibilidade da maioria das pessoas à mais ténue alusão de censura a seu respeito, e aquilo que ouviriam de si, caso surpreendessem as conversas dos seus conhecidos! Deveríamos, antes, ter em mente que a polidez habitual é apenas uma máscara burlesca; desse modo, não gritaríamos tão alto todas as vezes que esta fosse deslocada ou retirada por um breve instante. Todavia, quando se torna de facto rude, é como se tivesse despido todas as suas roupas e se postasse de nós in puris naturalibus (nu em pêlo). Decerto, assim o fazendo, desempenha uma figura bastante feia, como a maioria dos homens nesse estado. "
Arthur Schopenhauer, 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'

domingo, 14 de fevereiro de 2010

ENTENDA-SE ,COMO SE QUISER !

(Shadows of Eden)

"Inoportuna coisa é a felicidade alheia, quando somos vítimas de algum infortúnio"



Machado de Assis

domingo, 7 de fevereiro de 2010

GOSTO DE FADO II




As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudade
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na História
da história da gente
e outras de quem nem o nome
Lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
E a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
Não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que tinha a cidade
Já eu percorrera

Ai ... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob a chuva
Há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

Autor; Jorge Fernando - A Chuva

sábado, 6 de fevereiro de 2010

ACEITA O UNIVERSO

Aceita o universo
Como to deram os deuses.
Se os deuses te quisessem dar outro
Ter-to-iam dado.
Se há outras matérias e outros mundos
Haja.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

SER O PRIMEIRO DA CLASSE

A segurança ,a competência ,a tranquilidade, as certezas estabelecidas, tem uma sobrecarga , a que chamo: "Ser o primeiro da classe".
O facto é que , muitos de nós não estamos preparados.
E isto é um resultado social.
Mas existe outro tipo de resultado, igualmente importante: o resultado individual.
Desde pequenos que fomos ensinados na mesma constante:
- Os bons, serão premiados.
- Os maus, serão castigados.
E nós queremos ser premiados, nem que para isso tenhamos feito, todas as vontades aos nossos pais, primos, avós, professores, amigos dos pais, padrinhos , vizinhos, amigos eu seu lá, um mundo de gente, que nos passa pela vida, e quase inspirados no espírito de um qualquer herói da história, vamos desde cedo fazendo cedências.
“…Naquele dia, não me apeteceu lavar as mãos antes de ir para a mesa, mas o olhar reprovador da minha avó, fez com que cumprisse o hábito de higiene, que me tinham ensinado, embora a água estivesse gelada.”
“…Na aula de desenho, a colega do lado sujou, o desenho geométrico com tinta da china. Prontamente, cheguei-lhe o meu frasco com álcool, fiquei sem ele…precisei também, e já não tinha…”
A certa altura da vida, quando abafados, cansados resolvemos mais uma complicação alheia, percebemos que há muito, abrimos o caminho do sofrimento.
De repente percebemos, que há muita coisa que não entendemos. Que até mesmo as nossas virtudes exacerbadas possam incomodar os outros, diria até que podem pesar como censura.
Então como podemos ser entendidos? Começamos a aprender, outras virtudes para continuar a ser: o primeiro da classe
Isso seria apenas o início da continuidade. Seria preciso perceber que a perfeição é impossível, que é pretensiosa e agressiva, e aqui colocamos o dedo na ferida.
-É urgente aceitar os nossos defeitos.
Reconheçamos que não somos tão perfeitos, como aquilo que temos mostrado ao mundo.
É necessário oferecer aos outros os nossos defeitos, assumindo de vez todos os riscos implícitos. Correndo até o perigo de não sermos amados, de ver uma porta, duas, dez… serem fechadas na nossa cara.
Porque quem nos ama de verdade tem que amar com todos os defeitos expostos, tanto quanto as qualidades.

Então deveremos saber escolher os poucos amores profundos, em troca de tantos amores superficiais.
E uma coisa é certa: esta é uma tarefa que não nos dará o troféu de: ser o primeiro da classe.

sábado, 30 de janeiro de 2010

O QUE FOMOS, E NOS QUE NOS TORNAMOS


"A vida é uma luta entre os seus aspectos revelados e o limbo em que eles se perdem e ampliam até à suprema distância imaginável; uma luta entre a realidade e o sonho, a Carne e o Verbo.
...
Ardemos num incêndio de esperança, para que reste de nós uma lembrança, um fumo que sobe e não se apaga.

Tudo é memória: um fumo leve, em mil visagens animadas; ou denso, em formas inertes e sombrias; e, ao longe, a grande fogueira invisível que os demónios e os anjos alimentam. "


Teixeira de Pascoaes




domingo, 24 de janeiro de 2010

Caridade Hipócrita

Nos últimos tempos, preocupava-o sobretudo as misérias das classes - por sentir que nestas democracias industriais e materialistas, furiosamente empenhadas na luta pelo pão egoísta, as almas cada dia se tornavam mais secas e menos capazes de piedade. «A Fraternidade (dizia ele numa carta de 1886, que conservo) vai-se sumindo, principalmente nestas vastas colmeias de cal e pedra onde os homens teimam em se amontoar e lutar; e, através do constante deperecimento dos costumes e das simplicidades rurais, o Mundo vai rolando a um egoísmo feroz. A primeira evidência deste egoísmo é o desenvolvimento ruidoso da filantropia. Desde que a caridade se organiza e se consolida em instituição, com regulamentos, relatórios, comités, sessões, um presidente e uma campainha, e do sentimento natural passa a função oficial - é porque o homem, não contando já com os impulsos do seu coração, necessita obrigar-se publicamente ao bem pelas prescrições dum estatuto.Com os corações assim duros e os Invernos tão longos, que vai ser dos pobres?...»
Eça de Queirós, 'A Correspondência de Fradique Mendes' capitulo V
Nunca é demais mostrar a actualidade de Eça , imaginemos então , os artigos que esceveria hoje ...!!!

sábado, 16 de janeiro de 2010

Estou Cansado

Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.


Álvaro de Campos, in "Poemas"

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010


A música que continuo a gostar e a ouvir.



O melhor CD que comprei em 2009




O Autor, que o José Rui do Blog Eu Conto me deu a conhecer e já não dispenso, Obrigada JR



Ao meu vizinho do prédio do lado, agradeço o facto de ter comprado um bruto carrito, de o estacionar em frente à casa, de não o utilizar, pois a prestação é alta e o combustível é caro. Assim passeia a viatura de quinze em quinze dias, diz no café, que tem um carrão,mas que está mais magrito,...lá isso está!
Alimento a esperança que o senhor seja um caso raro, ou será que vamos continuar a viver para mostrar ao outro que somos o que não somos, que valemos o que não valemos...

Quero sonhar que estou neste jardim,
aqui as flores são todas tratadas de igual forma






quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Teatro e cinema



Valeu a pena sair de casa

numa noite fria de Inverno, para recordar Bertolt Brecht




e



O bom cinema no King na excelente realização de


Fanny Ardant

domingo, 3 de janeiro de 2010

Estados de alma

Horário do Fim

morre-se nada
quando chega a vez
é só um solavanco
na estrada por onde já não vamos
morre-se tudo
quando não é o justo momento
e não é nunca
esse momento
  • Mia Couto

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Os nossos idosos


Era muito bom que, ao menos a partir de hoje, (Natal) pensássemos muito a sério no homem que gostaríamos de ser, pois com o aumento de quadros como estes, cada vez tenho menos paciência para a época natalícia. Antes de comprar os presentes de Natal, deveria o mundo pensar em deixar de ser hipócrita, ver-se olhos nos olhos, e perceber que existem prendas que não estão nos escaparates das montras.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

"Existem verdades que só podemos dizer, depois de ter conquistado o direito a dizê-las."( Jean Cocteau )

sábado, 21 de novembro de 2009

FADO

Álbum - ACONTECEU - 2004





Senhora eu tenho fé,
de encontrar a minha luz
nessa imensa escuridão
Venho falar dos meus medos
São vossos os meus segredos,
que eu partilho em confissão
Senhora há tanto tempo
Que me assaltam tantas dúvidas
Não posso viver assim
Um turbilhão de incertezas,
parecem velas acesas
a queimar dentro de mim
Será senhora o destino
Que me estava reservado
desde o meu primeiro dia
Que faço ao meu coração
Sofrendo de solidão,
na dor que não me alivia.


Autores:António Laranjeira / Acácio Gomes dos Santos (Fado Acácio)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Momentos






Como disse Vergílio Ferreira


Por entre os sons da música, ao ouvido
como a uma porta que ficou entreaberta
o que se me revela em ter sentido
é o que por essa música encoberta

acena em vão do outro lado dela
e eu sinto como a voz que respondesse
ao que em mim não chamou nem está nela,
porque é só o desejar que aí batesse.

sábado, 24 de outubro de 2009

Já venho

É costume dizer-se :
"Depois da tempestade, vem a bonança."
Acontece que nem sempre é assim, após a felicidade, pela segunda vez, o Universo me ter ofertado com mais uma netinha, essa alegria manter-se-á pela vida fora, apesar de, após alguns dias passados uma triste sombra ter descido, sobre a mulher de quem nasceu o homem com quem partilho um caminho de vida há muitos anos.
A minha sogra, não é simplesmente minha sogra, é a mãe do meu marido, tem sido companheira ao longo de anos, tem sido minha amiga, tem sido minha mãe.
Sofreu um brutal acidente de viação, do qual ficou muito mal tratada.
O corpo clínico que a segue, dá-nos algumas leves esperanças de reabilitação.
Aguardo com Fé que a mesma se realize.
Nesta fase da minha vida, caminho entre casa e hospital, pelo que raramente aqui virei.

Aos que me lêem, aos que me comentam, as minhas desculpas por não responder individualmente, e por vezes não responder aos seus mail's, mas a minha prioridade é ajudar a cuidar duma pessoa a quem amo muito.

Um dia destes espero voltar, e regressar com alegria.

Um bem haja para todos e para a L. esta flôr

(Foto tirada pela bisneta)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O que dizer e o que calar...

"Quiet Harmony"

Uma contenda na vida, é fundamental. Sempre desconfiei muito da felicidade real das pessoas, que dizem que os “abalos” não são a sua especialidade.
Mas uma boa briga é extremamente sadia, faz parte da dinâmica de uma boa relação, quando a mesma é sã.
Quando não, não há hipótese, basta um simples devaneio de ideias e os ânimos logo se alteram, e lá se vai dizendo, tudo o que se pensa, cegos de raivas, avança-se, agride-se, insulta-se. E muito dificilmente nos damos por vencidos.
No final, que felizmente acaba por chegar, estamos desfeitos, esvaziados, não tanto pela fúria para com o outro, mas pelo nosso próprio élan destrutivo.
Ficamos em seguida como resíduos difíceis de ser diluídos, dissemos frases violentas, fazemos julgamentos grosseiros dos quais em seguida nem sequer sentimos o menor orgulho.
Se por um lado “esvaziar o saco” nos dá uma sensação de alívio, por outro transmite-nos uma sensação de culpa.
E é justo que a culpa exista, se num momento de descontrolo, se disse coisas, que não se diria até aqueles, que nos são menos simpáticos.
Com o tempo talvez consigamos descobrir que a mesma fórmula de argumento não pode, nem deve ser de igual forma para todos, porque cada um de nós é uno.
Esta será uma sabedoria, aprender, quando as coisas piores, que dizemos a outros , fazem mal, sobretudo a nós mesmos.


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A vida envolve-nos.
O tempo e as gentes encarregam-se
de nos corromper as esperanças.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Estações

Photobucket


As folhas secas vão caindo, mas ao longe as verdes vão chegando, devagarinho, devagarinho ...

domingo, 11 de outubro de 2009

Músicas que gosto



I used to think that I could not go on
And life was nothing but an awful song
But now I know the meaning of true love

I'm leaning on the everlasting arms
If I can see it, then I can do it
If I just believe it, there's nothing to it
If I can see it, then I can be it
If I just believe it, there's nothing to it

I believe I can fly
I believe I can touch the sky
I think about it every night and day
Spread my wings and fly away
I believe I can sore
I see me running through that open door
I believe I can fly
I believe I can fly
I believe I can fly

See I was on the verge of breaking down
Sometimes silence can seem so loud
There are miracles in life I must achieve
But first I know it starts inside of me

Cause I believe in me
If I just spread my wings
I can fly
I can fly, I can fly
If I just spread my wings
I can fly, woo
Check it out
Hmm.. fly fly fly

domingo, 4 de outubro de 2009

A 30 de Setembro de 2009


A vida ofereceu-me uma outra neta.

O seu pézito é do tamanho do meu dedo.

Não foi por acaso, que o indicador está em direcção ao Alto, pois entrego-lhe mais esta flôr do meu jardim, para que com a Sua ajuda, e o nosso amor possamos indicar-lhe o Caminho da Felicidade.

Que sejas feliz minha flôr!


quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Músicas que gosto




Esta é uma das músicas da minha vida.
Lembrei-me dela hoje.
Porque, simplesmente hoje, foi hoje!!!!!!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Os Anos são Degraus



Os Anos são Degraus

Os anos são degraus,
a Vida a escada.
Longa ou curta,
só Deus pode medi-la.
E a Porta,
a grande Porta desejada,
só Deus pode fechá-la, pode abri-la.
São vários os degraus;
alguns sombrios, outros ao sol,
na plena luz dos astros,
com asas de anjos, harpas celestiais.
Alguns, quilhas e mastros nas mãos dos vendavais.
Mas tudo são degraus;
tudo é fugir à humana condição.
Degrau após degrau,
tudo é lenta ascensão.
Senhor,
como é possível a descrença,
imaginar, sequer,
que ao fim da Estrada,
se encontre após esta ansiedade imensa
uma porta fechada e mais nada?
Fernanda de Castro

sábado, 29 de agosto de 2009

Que mais posso dizer?

Pintura de Gustav Moreau


Amigo
Mal nos conhecemos


Inaugurámos a palavra «amigo».



«Amigo» é um sorriso

De boca em boca,

Um olhar bem limpo,

Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,

Um coração pronto a pulsar Na nossa mão!

«Amigo»

(recordam-se, vocês aí, Escrupulosos detritos?)

«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado,

É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,

Um trabalho sem fim,

Um espaço útil, um tempo fértil,

«Amigo» vai ser,
é já uma grande festa!





Alexandre O'Neill

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

reposição de post

A., moldado em infância de rebeldia era “Zorro”, não na verdade da palavra, pois o pai, homem de honra, e funcionário público não se poderia dar ao luxo de ter um produto por si germinado, e correr o risco de ficar sem emprego pelo que a opção, seria carimbar-lhe a sua assinatura.
E assim se registou, com o nome do pai e apelido de família, não sem antes empacotar no intervalo o sobrenome da mãe.
O apego do lar, era obra difícil de cumprir, pelo que breve, a mãe de A., à data teria este, ainda poucos meses de vida, voltaria à sua terra natal, com o pequeno fruto de um amor que muito depressa deu lugar à raiva.A luta, pelo sustento era obra quase incomportável.
As terras, poucas, mal davam para as sopas, a aldeia, era demasiado pequena para fazer ouvidos moucos ao falatório, e especialmente porque os “sonhos” eram coisa que não cabia naquele domínio.Voou para uma cidade grande, com o pequeno atrás, e depressa se impressionou por um italiano, de porte, a quem não fazia diferença o facto de em tempos a sua deusa, se ter enovelado noutros lençóis de linho.
Mas para A., esta segunda oportunidade que a mãe se encontrava a viver, seria a árvore, cheia de galhos velhos e a esgaçar, que ele teria que subir durante a infância e adolescência.…Já homem, espigado encontra na capital, aquela que lhe viria a tornar os dias e noites mais estimulantes.

L., é gema de uma família que não se zangava com Deus. A sua origem social, não permitia conhecer maravilhas, as terras não eram muitas, mas lá se colhia e criava o suficiente para sustentar oito filhos, e no inicio do século apesar da ingratidão dos tempos, todos eles foram à escola.Na facilidade do riso e na ternura do amor, os sacrifícios valeram a pena, pois incluída no lote dos oito, L., viveu uma infância feliz e uma adolescência encostada às irmãs mais velhas, que já tinham deixado a aldeia, deixando os pais vestidos de silêncio e de saudades da prole.Gozava do pretígio de ser uma menina bem comportada. Aprendera a ler, a cozinhar, a bordar.Começara a botar corpo, e os ouvidos já desabituados do carinho dos pais, pois já há muito que deixara de os ter por perto , os sussurros de A.,faziam ninho de tentação...



E,Quando um casal mal ganha para a renda do quarto, os transportes lhe levam mais do que a calçada lhe gasta nos tacões, o caldo é de batatas e couve, um filho é erva daninha em terreno que se queria de pousio.Descendência era privilégio de rico.Não se acautelaram.

L.,

transformou-se em terra adubada.

Habitavam em quarto exíguo, sem jamais esperar mudança, mas o fedelho vingaria, apesar de malgrado o esforço de cada dia.
LISBOA deixara de ser considerada um conto de fadas, o casamento tão pouco, o trabalho começava ainda o sol, não tinha nascido, a “féria” era parca, e a vida por si, só tinha razão, porque em dia de delírio, remeteu um catraio ao mundo, que lhe acena em parto ainda feito de dor.

Em hora que a cidade já pulsava, a criança ao abrir os olhos, depara-se com o planeta em desordem. Apesar de ser quarta feira e os videntes crerem que o dia é propício para, grandes negócios, favorece a escrita e inspira confiança, nesse dia Agostinho Neto, regressa a Luanda e assume a presidência do movimento, o Partido Comunista defende uma solução pacífica para o problema político português, começa o período de emissões experimentais da RTP, e pela primeira vez na história, os Jogos Olímpicos foram realizados fora da Europa ou dos Estados Unidos, chegando à Austrália.


Grandes mudanças, mas a fonte que aconchega o bebé, revela-se uma imagem apagada, encolhida, vazia de queixumes como quem cheirou a habilidade de revelar poucas falas, olhos baixos, e sorriso acanhado, mas de dentro emanava um calor, que iria fazer espigar o inocente, por forma a atestar, que o destino ruim de ter nascido serva, não lhe cederia por herança.
E aqui começa o "INICIO DE MIM" !

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

AMIZADE II

Estou óptima!
Olho-me no espelho, e até consigo sorrir para o que vejo.
As pequenas rugas que se formam junto dos olhos, são começo de velhice, não são o que normalmente chamamos de traços expressão. Volto a olhar e o que se reflecte:
- Não é aparentemente um facto importante.
E digo:
- Espelho meu, espelho meu, quem sou eu?

Durante muito tempo das nossas vidas, não nos conhecemos, e até acredito que alguns não se conheçam nunca.
A procura de nós mesmos é uma das vigas mestras da nossa existência, a mola que impulsiona a grande parte dos nossos actos e relações.


Reconhecer que tivemos relações de considerável amizade, e hoje não ser-mos capazes de fazer um relato minucioso e completo dessas vivências entristece-me.
É verdade, que durante as nossas vidas conhecemos e damo-nos a outros e que juntos costuramos retalhos de conhecimento, tivemos interesses comuns, precisámos uns dos outros, de uma forma ou de outra, e facilmente aplicávamos a Lei da Entreajuda.


O facto é que naquela altura, as alegrias, as emoções, as descobertas, as confidências que vivemos estavam tão enraizadas, que não me permitiam perceber onde começavam ou terminavam as influências, nem consigo apontar agora, os desmazelados momentos que considerei de verdadeira amizade.

Hoje a distância domina-nos, e não se trata de um distanciamento geográfico, mas de um desdobramento de identidades, que não conjugam, ou simplesmente caminhos abstractos,que nem todos entendem.
Fragmentadas as partes com quem julguei amigo, tento elaborar a dinâmica de um todo que me ajudará a um todo melhor.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

HOJE ESTOU ASSIM...

METAMORFOSE

Repara: — a imóvel crisálida
Já se agitou inquieta,
Cedo, rasgando a mortalha,
Ressurgirá borboleta.

Que misteriosa influência
A metamorfose opera!
Um raio de Sol, um sopro
Ao passar, a vida gera.

Assim minh'alma, inda ontem
Crisálida entorpecida,
Já hoje treme, e amanhã
Voará cheia de vida.
Júlio Dinis

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Uma nova etapa


Foste uma amiga não diária, daquelas com quem não estamos sempre a conversar, mas quando te encontrava transmitias Paz, apesar de nem sempre estares feliz, tinhas a capacidade para ajudar! Ajudar, sabes... aquilo que muitos de nós desconhecemos.
Mas tu conhecias, e bem! Por isso, e por tudo em que nos acompanhaste, o Universo escolheu um lugar maravilhoso onde uma Luz, irá estar sempre acesa, para continuares a participar nas nossas vidas, como exemplo que és. Não foi por acaso que escolheste, ser Glória de nome.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Pela 2ª vez há 26 anos



"O amor de mãe por um filho é diferente de qualquer outra coisa no mundo.
Ele não obedece lei ou piedade,
ele ousa todas as coisas e extermina sem remorso
tudo o que ficar em seu caminho."
Agatha Christie

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A caminho do caminho

Somos socialmente educados para dar “boa impressão” e a nossa primeira reacção é olhar para o lado e procurar nos outros o efeito dos nossos actos.
No processo de atendimento e entendimento dos desejos, aprendi que deveria manter-me ligada a mim mesma , respeitando aquilo que os outros pensam em vez de me preocupar com o que os demais vão pensar.


Diz-se normalmente que “aprendemos com o sofrimento”, desconfio que é errado.
Eu acho que a sofrer pouco se aprende, nem mesmo a sofrer menos. Admito todavia que pode ser um agente riquíssimo se conseguirmos aprender que do sofrimento podemos tirar lições, ou seja se durante o processo olharmos de frente e procurar ver porque foi causado, como actua em nós, como o recebemos, como aceitamos o mundo quando a sua carga nos esmaga, e finalmente como saímos dele.

Ser feliz, creio, é a proximidade de um conhecimento maior de nós e dos outros, é a possibilidade de uma outra integração no universo.
Será que ser feliz e ter paz interior deveriam ser irmãs?
Não tenho a certeza. E por paz não entendo o acomodar-me, mas sim uma espécie de serenidade que se consegue alcançar, não dominando os próprios conflitos, mas saber conviver com eles, (ou tentar aprender a conviver).
Assim felicidade é de alguma forma sabedoria. Mas há graus de felicidade, bem como há graus de sabedoria, assim arriscaria que uma pequena felicidade pode corresponder a uma pequena sabedoria, ou conhecimento como se queira.
Porque o ser feliz é estar-se voltado para a compreensão do universo, é ser generoso, ter alma aberta, não só para si como para os outros.
E continuando a puxar o fio das explicações, acabo por chegar irrefutavelmente a Deus.
Eu que até achava que era uma católica razoável, cheguei um pouco mais longe.
Afinal ser feliz é ser aceite por Deus e ELE é a felicidade por execelência.