«Não é sinal de saúde estar bem adaptado a esta sociedade doente»
Jiddu Krishnamurti

quinta-feira, 24 de março de 2011

Memory



Memory
All alone in the moonlight
I can dream of the old days
Life was beautiful then
I remember the time I knew what happiness was
Let the memory live again

sábado, 19 de março de 2011

Pequenas grandes lições

Nos anos de 1982 a 1986 chegavam aos molhos, novos clientes para as agências de publicidade, era o “boom da internacionalização”. Não tínhamos muita gente especializada, pelo que era trabalhar até mais não. Naquela altura não existiam relógios, que nos fizessem parar.

Posicionadas as nossas secretárias lado a lado, eu e a Guida com catraios pequenos, por vezes intervalávamos os “media plannings” e conversávamos sobre as nossas nobres lides domésticas.

A Guida, contratou a D. Josefa, para ajudar nas limpezas e arrumações lá em casa, mas nem sempre o manejo da senhora estava de acordo com o da dona da casa, e as queixas sucediam-se…, pelo que um dia eu já cansada, de tanta má produção, disparei:

-Eh pá, manda-a embora. Arranja outra!

Espantada a Guida, esgazeou-me os olhos, e eram grandes, olhou em frente e disse:

- Sabes ontem, o meu filho, entornou o leite no chão, com a pressa, saí e não limpei. Quando cheguei a casa, à noite, tinha uma auréola branca no chão, e pensei; se não fosse a Josefa, a esta hora tinha que limpar o chão todo, assim como ela passou o pano, já só tenho que limpar o círculo que secou à volta dos pingos.

E a Josefa por lá continuou, ainda alguns anos, até ao dia em que a Guida partiu, já lá vão, para aí uns 18 anos.

Tantas e tantas vezes me lembro deste pequeno episódio, porque as separações, e em especial as partidas são uma ameaça permanente, armas poderosas. Não podemos jogar impunemente com a separação. Ela é importante demais, para todo o nosso equilíbrio emocional, e como tal deve ser enfrentada, atenta e cautelosamente.

Seja qual for o caminho escolhido, é preciso conhecer que acima da situação que pretendemos largar, conta na hora do pulo, o sentimento de perda.



Tenho saudades de ti minha amiga!

terça-feira, 8 de março de 2011

Apeteceu-me:



Silêncio E Tanta Gente Maria Guinot

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra
É um grito
Que nasce em qualquer lugar
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra
E este grito
São a história daquilo que eu sou

Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra
Ou é um grito
De um amor por acontecer
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra
E este grito
São a história daquilo que sou

sábado, 5 de março de 2011

O fio das Missangas


“(…) O que me inveja não são esses jovens, esses fintabolistas, todos cheios de vigor. O que eu invejo, doutor, é quando o jogador cai no chão e se enrola e rebola a exibir bem alto as suas queixas. A dor dele faz parar o mundo. Um mundo cheio de dores verdadeiras pára perante a dor falsa de um futebolista. As minhas mágoas que são tantas e tão verdadeiras e nenhum árbitro manda parar a vida para me atender, reboladinho que estou por dentro, rasteirado que fui pelos outros. Se a vida fosse um relvado, quantos penalties eu já tinha marcado contra o destino? (…)”


Mia Couto