«Não é sinal de saúde estar bem adaptado a esta sociedade doente»
Jiddu Krishnamurti

domingo, 31 de maio de 2009

Só, num mundo povoado de gente


Tão só!
Cada vez são mais longos os caminhos
que me levam à gente.
(E os pensamentos fechados em gaiolas,
as ideias em jaulas.)
Ah, não fujam de mim!
Não mordo, não arranho.
Direi: — «Pois não! Ora essa! Tem razão».
Entanto, na gaiola,
cantarão em silêncio
os sonhos, as ideias,
como pássaros mudos.

Fernanda de Castro, in "E Eu, Saudosa, Saudosa"

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Aniversário


Há cinco anos, não envelheci, tornei-me mais feliz!
Na minha pauta, nasceu mais uma nota musical,
onde têm crescendo melodias,de encantar.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Verdades e Inverdades



"A verdade jamais é pura e
raramente é simples."
(Oscar Wilde)




Qual é a tarefa da verdade?
Abrir um jornal, ligar a televisão, conversar com alguém, percebemos que a verdade não é o forte do nosso mundo.
Oferecem-nos mentiras diariamente, muitas vezes comprovados com factos que não são verdadeiros.
Isto para não exaltarmos as pequenas inverdades, nossas, dos outros, deslizes de comportamento, recursos de última hora, que se constelam todos os dias.
A nova verdade é assustadora.
Estremecemos, tememos, e muitas vezes não aguentamos o abalo. Assim, a nossa primeira tendência é “barrar a verdade”.
Mas a verdade sempre me intrigou, ela é um jogo de espelhos no qual se multiplicam as várias verdades, de um mesmo facto.
Cada circuito desses, exige de nós coragem para a revisão e elasticidade para adaptar as novas verdades.
É no fundo uma pequena maratona emocional, correndo o risco de se criar um curto-circuito na mente, de qualquer um.
Acompanhando este ciclo, veremos que cada época tem a sua verdade, ou a sua mentira.
Aquele que por teimosia ou originalidade, teima em ser sincero, em dizer só e sempre a sua verdade, acaba a tornar-se para os demais, como um chato insuportável.
São os novos tempos.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

RURALIDADES

"O rural é bom não por ser tosco.
É bom por ser autêntico e nunca perder a significação."
Miguel Torga
Foto tirada na aldeia de Varde m Trás os Montes

segunda-feira, 25 de maio de 2009

SONHOS

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".
(Fernando Pessoa)

domingo, 24 de maio de 2009

ACORDAR

Procuro
pela manhã
letras,
que de mansinho
me levam ao mundo...
bebida negra ,
que faz acordo
com notícias,
e lentes de ajuda
para encontrar
boas novas .

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Parabéns marido



Este simples desconhecido, é o meu herói.

Não tem a vida desenhada em livro, estátuas, ou murais, mas é meu!





Lembra-te
Lembra-te
de todos os momentos
que nos coroaram
de todas as estradas
radiosas
que abrimos
Irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos

Mário Cesariny, in "Pena Capital"

domingo, 17 de maio de 2009

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Boas recordações

É nesta rua estreita, que não deve chegar aos três metros de largura, o mais longe que a minha memória alcança.

Estava a terminar o ano de 1959, acabadinha de completar 3 anos, fui sorteada pela “tosse convulsa”.
A dita , resolvera instalar-se,com força, logo em mim, criança, que apesar de gorducha, não era por certo muito robusta
.
Meus pais, embora atentos, mas de parcos recursos, foram confrontados pelo médico com duas hipóteses de cura, e escolha difícil!
Viajar de avião, ou passar uma larga temporada num local com ventos serranos.
Ao que sei, à data, “o avião” era solução desajustada, aos rendimentos, pelo que as circunstâncias levaram-me para casa dos meus avós no norte.
Ali, permaneci oito meses, período que determinou a cura da mazela
.

Na pequena artéria brincava com bonecos de trapo, e loiça de alumínio, comprada na feira das festas da cidade. A folgança e a asneirada eram partilhadas com amigos, também eles netos, filhos ou sobrinhos de moradores da mesma rua.
Lembro-me bem, éramos uma equipa, até nos ralhetes. Quando um de nós era castigado, era acordado pelos adultos, que todos receberíamos o mesmo prémio.

Durante este correr de tempo, as idas à aldeia dos avós, eram adorno, salpicado de liberdade a que não estava habituada .
O verde dos lameiros, o cinzento das fragas, o castanho das folhas de Outono iriam vincar a minha preferência de pantone.

Após cura completa, regressei a casa, mas pespineta como era , comecei a pedir que me deixassem ir novamente para lá nos anos seguintes.

Caminhei para lá, nas férias, durante um bom período da minha vida.


Hoje, passadas muitas épocas de férias, já não faço, do norte o meu destino.



Naquela rua, já não há avós, já não tenho amigos, e apesar de grande parte das casas ainda se manterem, já quase nada é igual, mas passear naquele pequeno espaço é condição que a alma me impõe.
À aldeia, também pouco me desloco, mas a voltinha ao Prado, a passagem pela Canteira da minha avó, hoje tratadinha pelo meu tio, o bisbilhotar do lavadouro junto a casa da T.A.,onde tantas e tantas vezes agarotei, são percursos que enquanto Deus me permitir, de quando em vez, irei visitar, adubando assim, as memórias que não posso perder.



terça-feira, 12 de maio de 2009

À minha filha R

Bendita a mulher


Bendita a mulher
que se habitua
a não achar árduo nenhum caminho;
para quem as horas do dia , são como as da noite
e que se esquece de si vivendo só para os outros!
Bendita!
Pois para ser mãe,
no verdadeiro sentido da palavra,
é preciso ter muitas virtudes
GOETHE

domingo, 10 de maio de 2009

Um amigo,um companheiro

Nome: YOUKI

Espécie: Canideo
Raça: Rafeiro
Côr: Banca
Sexo: Masculino


Viveu entre: 20/01/92 a 23/05/2008





Ainda hoje choro o tempo que nos acompanhaste.
Foste um amigo, daqueles que dão saltos, quando entramos em casa, no fim de um dia de trabalho, e nos oferecem o brilho do amor sem cobrança.
Partilhaste brincadeiras com as crianças, quando ainda tu tambem o eras.
Recordo ainda o esforço a que a velhice e a doença te obrigaram, e me impeliram a levar-te, naquele dia de Maio, a adormecer-te para sempre.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Mãe; já é tempo de seres feliz!

Trancada no quarto, ela chorou o fim do seu amor, e á guisa de consolo, eu dizia:
- Mãe, não chore, com o tempo as recordações más vão-se esfumando e as boas ,vão ser o remédio para tudo o que passou!
Quanto mais chorava, mais tinha a certeza que o amor fora importante.
E se o preço a pagar tinha sido aquele,então, bendiz o calvário que Deus lhe deu.
Cristo também sofrera!
Ela não quer esquecê-lo, quer sofrer muito, eternamente, mesmo que o encantamento tenha permanecido por pouco nos quarenta anos que viveram em comunhão. Já ultrapassou aquele que se a que se chama o “prazo oficial para o luto”
O martírio do passado, permanece para além da minha luta para que seja feliz.
Tornou-se num constante suportar da dor.
As recordações do que foi bom, rareiam nas memórias, não permitindo que uma nova luz a motive, confundindo este apego à angústia num investimento em felicidade.
A amargura, teve e irá ter sempre um grande peso no seu viver.

Hoje concluo que dor e alegria não passam. Não são elas que diminuem ou se desgastam, no fio de meses e anos, nós é que vamos mudando a nossa relação com elas, e este é um tempo que desconhecemos.
Resta-nos a esperança que o relacionamento com a vida, nos dê uma força regeneradora para ajudar todos os que por inerência do destino resistem a um
“ novo dia”.

Mãe, por favor, não suportes tormentos, que já lá vão…!

domingo, 3 de maio de 2009

PARA TI MÃE







Primeiro Amor






Ó Mãe... de minha mãe!
Explica-me o segredo
Que eu mesmo a Deus sem medo
Não ia confessar:
Aquele seu olhar Persegue-me, e receio,
Pressinto no meu seio
Ergue-se-me outro altar!
Eu em o vendo aspiro
Um ar mais puro, e tremo...
Não sei que abismo temo
Ou que inefável bem...
Oh! e como eu suspiro
Em êxtase o seu nome!...
Que enigma me consome,
Ó Mãe de minha mãe!

João de Deus, in 'Campo de Flores'