«Não é sinal de saúde estar bem adaptado a esta sociedade doente»
Jiddu Krishnamurti

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

AMIZADE II

Estou óptima!
Olho-me no espelho, e até consigo sorrir para o que vejo.
As pequenas rugas que se formam junto dos olhos, são começo de velhice, não são o que normalmente chamamos de traços expressão. Volto a olhar e o que se reflecte:
- Não é aparentemente um facto importante.
E digo:
- Espelho meu, espelho meu, quem sou eu?

Durante muito tempo das nossas vidas, não nos conhecemos, e até acredito que alguns não se conheçam nunca.
A procura de nós mesmos é uma das vigas mestras da nossa existência, a mola que impulsiona a grande parte dos nossos actos e relações.


Reconhecer que tivemos relações de considerável amizade, e hoje não ser-mos capazes de fazer um relato minucioso e completo dessas vivências entristece-me.
É verdade, que durante as nossas vidas conhecemos e damo-nos a outros e que juntos costuramos retalhos de conhecimento, tivemos interesses comuns, precisámos uns dos outros, de uma forma ou de outra, e facilmente aplicávamos a Lei da Entreajuda.


O facto é que naquela altura, as alegrias, as emoções, as descobertas, as confidências que vivemos estavam tão enraizadas, que não me permitiam perceber onde começavam ou terminavam as influências, nem consigo apontar agora, os desmazelados momentos que considerei de verdadeira amizade.

Hoje a distância domina-nos, e não se trata de um distanciamento geográfico, mas de um desdobramento de identidades, que não conjugam, ou simplesmente caminhos abstractos,que nem todos entendem.
Fragmentadas as partes com quem julguei amigo, tento elaborar a dinâmica de um todo que me ajudará a um todo melhor.

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