«Não é sinal de saúde estar bem adaptado a esta sociedade doente»
Jiddu Krishnamurti

quinta-feira, 16 de julho de 2009

QUESTÕES

CHATAUNEUF, guardião de armas de Luis XIII, ao ver um menino de apenas nove anos respondendo a todas as perguntas feitas pelo bispo, com requintes detalhados, arriscou uma pergunta de difícil resposta:
“Eu lhe darei uma laranja se me disser onde está Deus.”
“Meu senhor,” respondeu o menino,“Eu dar-lhe-ei duas laranjas se me disser onde Deus não está! “

segunda-feira, 13 de julho de 2009

CRIANÇA



"Se há na terra um reino que nos seja familiar e ao mesmo tempo estranho, fechado nos seus limites e simultaneamente sem fronteiras, esse reino é o da infância."


Eugénio de Andrade, in 'Rosto Precário'





sábado, 11 de julho de 2009

Como aplicar a lei do menor esforço

"Terei de praticar a Aceitação. Hoje aceito pessoas, situações, circunstâncias e acontecimentos, tal como eles ocorrerem. Reconhecerei que este momento é aquilo que deveria ser, porque todo o Universo é, como deveria ser. Não lutarei contra todo o Universo, lutando cotra o momento presente. A minha aceitação é total e completa. Aceito as coisas como elas são no momento, não como eu gostaria que fossem."
Deepak Chopra in "As Sete Leis Espirituais do Sucesso"

quinta-feira, 9 de julho de 2009

MUDANÇAS

Este post é dedicado à Mariz e à Salomé, duas pessoas que não conheço pessoalmente, mas cuja força e ensinamento me tem ajudado no entender do desconhecido.
Obrigada Amigas.
Independencia é uma forma de nos colocarmos em relação à vida, que abrange a totalidade ou quase das nossas acções.
Independência é a condição de não depender , de não ser tutelada de ser dona das próprias decisões, de ser autónoma.
E aí teremos que enfrentar a ideia argentária. Não é um conceito edificante, mas sem independência económica, não existe independência.
A partir do facto elementar que é preciso comer, e não há comida gratuita, porque mesmo que plantemos, precisamos de solo, e de uma semente para geminar.
Com um salário na mão definimos os nossos padrões, o que podemos fazer, onde podemos morar e até onde podemos ir.


Mas será que independência é tão simples assim?

Todo o conhecimento é necessário para chegarmos e manter a independência.
Não se trata apenas de afirmá-la, mas também de demonstrá-la.
Não basta o conhecimento de uma profissão, embora seja indispensável para o tal caminho do sustento, mas para cuidar de nós é preciso muito mais, e não me refiro aos cursos, às roupinhas ou às nossas necessidades supérfluas.
É preciso sabermos em que mundo vivemos, quem nos rodeia, quais as nossas grandes questões.
São estes conhecimentos que dão à vida uma arquitectura mais sólida.
Sustentar uma vida é nada mais que arrumar as nossas dúvidas, perante as respostas que se nos oferecem.
E na hora do arrumo, quando estamos com a bateria quase descarregada, vamos conferir a contabilidade e damos de caras com um benefit, que nos mostra que há sempre um amanhã promissor à nossa frente. Um amanhã movimentado. Vital, com trabalho, fraquezas a vencer e forças novas a despertar.

Privilégio é a forma como nos sentimos compensados, reconhecer que não damos só importância à conta da luz, ou por não termos com quem sair numa noite de sexta feira.

Independência é não ter medo de crescer, independentemente da nossa idade.

Ou seja independência é coisa muito profunda, que não basta entregar a uma empresa
de mudanças.

domingo, 5 de julho de 2009

"Não posso fechar os olhos quando a luz é intensa demais e queima as letras que pensava eram meu nome.
Não posso fechar os olhos a mim própria quando começo a verificar que sou muito diferente daquilo que deveria ser, ou que era suposto ser,daquilo para que fui criada e daquilo que a sociedade a que pertenço espera de mim.
Procuro ser fiel a determinada imagem que de mim criei - ou que me foi entregue já criada - e pode acontecer que deixe de ser fiel àquilo que é o meu nome original."

quarta-feira, 1 de julho de 2009

PINA BAUSCH

1940 - 2009





Projectava como ninguém a comunicação entre os géneros, traduzidos na diversidade dos trabalhos que nos ofereceu.
A sua marca dotou as Artes, como poucos!

domingo, 28 de junho de 2009

Etapas


Sabendo reconhecer as etapas da vida, a intensidade dos bons e maus momentos, conseguimos distinguir entre um simples aborrecimento e uma dor bem forte.
Abafar uma simples contrariedade, podemos faze-lo na alegria e uma festa, numa ida ao cinema, no assistir a um concerto de Verão, não é a mesma coisa que tentar superar uma dor séria. Uma chatice é uma pedra no caminho, uma grande dor é uma montanha de difícil escalada, é fundamental não confundir pedras com montanhas.
Pedras, podemos saltá-las sem esforço, montanhas dividem o espaço, interrompem, estabelecem um antes e um depois, e é aí o ponto, em que visivelmente alguma coisa em nós se modifica .
E o que exigem de nós essas montanhas? Basicamente, atenção. Funcionam como um sinal de alerta. Ordenam um olhar mais atento, há perigo perto, convém prevenir-nos antes do próximo movimento.
Acalmado o primeiro impulso ansioso, que nos impede para a fuga veremos que enfrentar montanhas, não é tão mau como se temia, desde que analisemos em detalhe a causa do que estamos a viver e entender porque é que chegámos até ali.
É no decorrer deste trabalho que deglutimos e incorporamos os factos na nossa própria vida, preparando-nos ao mesmo tempo para traçar novos rumos, e não nos deixarmos perder na intensa vegetação da montanha.
Dos maus momentos da vida, daqueles que parecem eternos, saímos mais fortes e talvez um pouco mais maduros.
Ganhamos mais, e abrimo-nos para os outros de uma outra forma.
Conquistamos também uma pequenina parte da humildade tão necessária para aceitar que ainda atravessaremos outras fases de sofrimento. E entenderemos que em cada uma delas ganharemos um novo fôlego para o momento seguinte.




quarta-feira, 24 de junho de 2009

ESPERANÇA

Espero que o dia de amanhã, não seja tão massacrante como o de hoje!
Foi demais...
Mas alguma coisa me diz, que o SOL vai brilhar novamente...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Luz




















Neste meu recente périplo pelos blogs, tenho percebido, que os mesmos se dividem em variadíssimas classes, existindo um perfil que predomina e me tem obrigado a alguma reflexão. Trata-se da procura insistente do “eu superior” ou da “luz” como lhe quisermos chamar.
Ao que me parece nem toda a mudança ou tentativa da mesma se traduz num romper com o compromisso de vida que nos foi atribuído ao nascer.
Todas as possibilidades existem, nem sempre de acordo com o padrão ensinado. Embarcar na reflexão, pode ser o reconhecimento da provação em falta, da respiração suspensa, da vilanagem inconsciente, da vida de ausência ou até do silêncio perdido. Daí a necessidade de investigar.
Estou longe dessa procura, provavelmente deveria, e parece-me que a evolução, vou chamar-lhe assim, resulta duma impossibilidade durável de manter a vida real, até ali vivida.
Num piscar de olho, e de fácil entendimento, reconhece-se que o heroísmo no quotidiano, se torna violento para aquele que o pratica, pelo que resistir à pressão dos círculos próximos é difícil. Daí o encosto à espiritualidade.
Não me choca que as pessoas se queiram tornar melhores seres humanos, mas as ausências imaginadas, podem vir no sentido inverso e reclamar aquilo que no nosso dia a dia não se pratica, arrisco dizer, poder ser redutor.
Na generalidade dos casos, raramente a atitude é igual ao discurso.



Também tenho a minha Flor de Lótus dentro da mente, tal como ela, que emerge de águas lodosas e aparece de branco imaculado, também eu sofro metamorfoses, e não serei por isso desprezível.
Reajo simplesmente, e continuo a defender que o melhor do nosso “eu” virá à tona se aceitarmos os outros sem padrões pré definidos. Com todos aprendemos, mesmo que muitos de nós não tenhamos ainda encontrado o caminho da “Luz”.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

31 anos de caminhada

"...Quando dois seres se entregam, não sabem o que fazem, não sabem o que querem, não sabem o que procuram, não sabem mesmo o que irão encontrar..."
Paul Ricouer


A nossa estrada começou num dia de Inverno, em que a chuva foi brinde da natureza.
Rezam os ditos populares, “Casamento molhado, casamento abençoado”.
A sobrevivência enquanto casal, baseámo-la numa equação a duas incógnitas, sendo que procurando a natureza das mesmas conseguimos resolvê-la procurando conhecer a natureza entre as duas.
Cedo percebemos, que não existiam livros, para aprender a ser casal.
Cedo aprendemos que juntos estávamos submetidos à continuidade que nos conduziria ao desenvolvimento, ou se assentássemos em falsos conceitos de casal perfeito caminharíamos a seu tempo para a destruição
A continuidade é fecunda, é ela que cria o casal, porque aqui não há lugar a improviso, não é de um dia para o outro que se passa de individuo isolado a casal.
Assim definimos que a nossa união deveria ser uma associação de duas pessoas livres, baseada na comunhão de ideais.
Aqui o equilíbrio, era o resultado de uma vitória das forças de coesão sobre as da dissociação e entrar em jogo na escola do outro, pois não há relações de satisfação total.
Descobrimos que a distância entre a realidade e o ideal pode reduzir-se desde que aceite, por ambos.
Existem diversos tipos de casais, nenhum se assemelha, porque nenhum ser é absolutamente idêntico ao outro, na infinita diversidade da criação. Cada um é uma história, diferente duma terceira, e a noção de casal não pode ser, e não é, fixa e imutável, não é uma realidade prefabricada, segundo um esquema válido, para todas as épocas.
O casal como o entendemos durante a nossa vida é uma realidade móvel em função dum tempo, no decurso da nossa linha individual, assim como na colectiva.
Se a uniformidade fosse regra da espécie humana, e se todos fossemos iguais, qualquer um poderia emparelhar com qualquer outro. Seria anularmo-nos porque todos mudamos no decurso da viagem, e não seremos nunca os mesmos ao chegar ao fim, é preciso escolher a cada instante o evoluir paralelamente com o outro, pois se cada um fosse por si só um ser perfeito, bastar-se-ía a si próprio, e não teria necessidade do outro.

No decurso da nossa história evoluímos como organismo vivo, onde temos estado ao serviço do amor.
Fizemos uma boa opção, escolhemos a continuidade.

domingo, 31 de maio de 2009

Só, num mundo povoado de gente


Tão só!
Cada vez são mais longos os caminhos
que me levam à gente.
(E os pensamentos fechados em gaiolas,
as ideias em jaulas.)
Ah, não fujam de mim!
Não mordo, não arranho.
Direi: — «Pois não! Ora essa! Tem razão».
Entanto, na gaiola,
cantarão em silêncio
os sonhos, as ideias,
como pássaros mudos.

Fernanda de Castro, in "E Eu, Saudosa, Saudosa"

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Aniversário


Há cinco anos, não envelheci, tornei-me mais feliz!
Na minha pauta, nasceu mais uma nota musical,
onde têm crescendo melodias,de encantar.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Verdades e Inverdades



"A verdade jamais é pura e
raramente é simples."
(Oscar Wilde)




Qual é a tarefa da verdade?
Abrir um jornal, ligar a televisão, conversar com alguém, percebemos que a verdade não é o forte do nosso mundo.
Oferecem-nos mentiras diariamente, muitas vezes comprovados com factos que não são verdadeiros.
Isto para não exaltarmos as pequenas inverdades, nossas, dos outros, deslizes de comportamento, recursos de última hora, que se constelam todos os dias.
A nova verdade é assustadora.
Estremecemos, tememos, e muitas vezes não aguentamos o abalo. Assim, a nossa primeira tendência é “barrar a verdade”.
Mas a verdade sempre me intrigou, ela é um jogo de espelhos no qual se multiplicam as várias verdades, de um mesmo facto.
Cada circuito desses, exige de nós coragem para a revisão e elasticidade para adaptar as novas verdades.
É no fundo uma pequena maratona emocional, correndo o risco de se criar um curto-circuito na mente, de qualquer um.
Acompanhando este ciclo, veremos que cada época tem a sua verdade, ou a sua mentira.
Aquele que por teimosia ou originalidade, teima em ser sincero, em dizer só e sempre a sua verdade, acaba a tornar-se para os demais, como um chato insuportável.
São os novos tempos.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

RURALIDADES

"O rural é bom não por ser tosco.
É bom por ser autêntico e nunca perder a significação."
Miguel Torga
Foto tirada na aldeia de Varde m Trás os Montes

segunda-feira, 25 de maio de 2009

SONHOS

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".
(Fernando Pessoa)

domingo, 24 de maio de 2009

ACORDAR

Procuro
pela manhã
letras,
que de mansinho
me levam ao mundo...
bebida negra ,
que faz acordo
com notícias,
e lentes de ajuda
para encontrar
boas novas .

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Parabéns marido



Este simples desconhecido, é o meu herói.

Não tem a vida desenhada em livro, estátuas, ou murais, mas é meu!





Lembra-te
Lembra-te
de todos os momentos
que nos coroaram
de todas as estradas
radiosas
que abrimos
Irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos

Mário Cesariny, in "Pena Capital"

domingo, 17 de maio de 2009

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Boas recordações

É nesta rua estreita, que não deve chegar aos três metros de largura, o mais longe que a minha memória alcança.

Estava a terminar o ano de 1959, acabadinha de completar 3 anos, fui sorteada pela “tosse convulsa”.
A dita , resolvera instalar-se,com força, logo em mim, criança, que apesar de gorducha, não era por certo muito robusta
.
Meus pais, embora atentos, mas de parcos recursos, foram confrontados pelo médico com duas hipóteses de cura, e escolha difícil!
Viajar de avião, ou passar uma larga temporada num local com ventos serranos.
Ao que sei, à data, “o avião” era solução desajustada, aos rendimentos, pelo que as circunstâncias levaram-me para casa dos meus avós no norte.
Ali, permaneci oito meses, período que determinou a cura da mazela
.

Na pequena artéria brincava com bonecos de trapo, e loiça de alumínio, comprada na feira das festas da cidade. A folgança e a asneirada eram partilhadas com amigos, também eles netos, filhos ou sobrinhos de moradores da mesma rua.
Lembro-me bem, éramos uma equipa, até nos ralhetes. Quando um de nós era castigado, era acordado pelos adultos, que todos receberíamos o mesmo prémio.

Durante este correr de tempo, as idas à aldeia dos avós, eram adorno, salpicado de liberdade a que não estava habituada .
O verde dos lameiros, o cinzento das fragas, o castanho das folhas de Outono iriam vincar a minha preferência de pantone.

Após cura completa, regressei a casa, mas pespineta como era , comecei a pedir que me deixassem ir novamente para lá nos anos seguintes.

Caminhei para lá, nas férias, durante um bom período da minha vida.


Hoje, passadas muitas épocas de férias, já não faço, do norte o meu destino.



Naquela rua, já não há avós, já não tenho amigos, e apesar de grande parte das casas ainda se manterem, já quase nada é igual, mas passear naquele pequeno espaço é condição que a alma me impõe.
À aldeia, também pouco me desloco, mas a voltinha ao Prado, a passagem pela Canteira da minha avó, hoje tratadinha pelo meu tio, o bisbilhotar do lavadouro junto a casa da T.A.,onde tantas e tantas vezes agarotei, são percursos que enquanto Deus me permitir, de quando em vez, irei visitar, adubando assim, as memórias que não posso perder.



terça-feira, 12 de maio de 2009

À minha filha R

Bendita a mulher


Bendita a mulher
que se habitua
a não achar árduo nenhum caminho;
para quem as horas do dia , são como as da noite
e que se esquece de si vivendo só para os outros!
Bendita!
Pois para ser mãe,
no verdadeiro sentido da palavra,
é preciso ter muitas virtudes
GOETHE

domingo, 10 de maio de 2009

Um amigo,um companheiro

Nome: YOUKI

Espécie: Canideo
Raça: Rafeiro
Côr: Banca
Sexo: Masculino


Viveu entre: 20/01/92 a 23/05/2008





Ainda hoje choro o tempo que nos acompanhaste.
Foste um amigo, daqueles que dão saltos, quando entramos em casa, no fim de um dia de trabalho, e nos oferecem o brilho do amor sem cobrança.
Partilhaste brincadeiras com as crianças, quando ainda tu tambem o eras.
Recordo ainda o esforço a que a velhice e a doença te obrigaram, e me impeliram a levar-te, naquele dia de Maio, a adormecer-te para sempre.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Mãe; já é tempo de seres feliz!

Trancada no quarto, ela chorou o fim do seu amor, e á guisa de consolo, eu dizia:
- Mãe, não chore, com o tempo as recordações más vão-se esfumando e as boas ,vão ser o remédio para tudo o que passou!
Quanto mais chorava, mais tinha a certeza que o amor fora importante.
E se o preço a pagar tinha sido aquele,então, bendiz o calvário que Deus lhe deu.
Cristo também sofrera!
Ela não quer esquecê-lo, quer sofrer muito, eternamente, mesmo que o encantamento tenha permanecido por pouco nos quarenta anos que viveram em comunhão. Já ultrapassou aquele que se a que se chama o “prazo oficial para o luto”
O martírio do passado, permanece para além da minha luta para que seja feliz.
Tornou-se num constante suportar da dor.
As recordações do que foi bom, rareiam nas memórias, não permitindo que uma nova luz a motive, confundindo este apego à angústia num investimento em felicidade.
A amargura, teve e irá ter sempre um grande peso no seu viver.

Hoje concluo que dor e alegria não passam. Não são elas que diminuem ou se desgastam, no fio de meses e anos, nós é que vamos mudando a nossa relação com elas, e este é um tempo que desconhecemos.
Resta-nos a esperança que o relacionamento com a vida, nos dê uma força regeneradora para ajudar todos os que por inerência do destino resistem a um
“ novo dia”.

Mãe, por favor, não suportes tormentos, que já lá vão…!

domingo, 3 de maio de 2009

PARA TI MÃE







Primeiro Amor






Ó Mãe... de minha mãe!
Explica-me o segredo
Que eu mesmo a Deus sem medo
Não ia confessar:
Aquele seu olhar Persegue-me, e receio,
Pressinto no meu seio
Ergue-se-me outro altar!
Eu em o vendo aspiro
Um ar mais puro, e tremo...
Não sei que abismo temo
Ou que inefável bem...
Oh! e como eu suspiro
Em êxtase o seu nome!...
Que enigma me consome,
Ó Mãe de minha mãe!

João de Deus, in 'Campo de Flores'

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Não lembra ao diabo, mas aos papás...

Os papás é que mandam! (?)
Ora aqui está quem pode e manda (e até avalia profs)! .......
(Isto é só uma peq. amostra do que chega diariamente às escolas).



Não falta muito pra vir escrito assim:
" DE: Encarregado de Educação
PARA: professora
MENSAGEM: o meu educando não leva livros porque não lhe apetece ter aulas.
ASSINATURA: o papá "

Este ano já foram recebidas msgs do tipo: "Nao concordo com as faltas que a minha filha tem, porque quando ela falta está comigo.
Portanto, já não falta assim tanto... E este:


Perante isto os Prof. têm direito a escrever , na caderneta, uma mensagem aos Enc. de Educ. a dizer: - não preparei e não dei as aulas que devia, porque estava muito cansado de "recuperar os alunos cansados" para estes acompanharem os outros...

terça-feira, 28 de abril de 2009

À A.R. e P.

layouts myspace


"A melhor maneira de ter bons filhos é fazê-los felizes."

( Oscar Wilde )




À J.

Recados do Orkut

"Há sempre esperança, quando há vida humana."
( Simone Weil )



AMIZADE

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.
(Dummond de Andrade)

Não creio que alguém, possa ter muitas e grandes amizades que perdurem pelos tempos do viver.
Uma grande amizade, não é fácil. É preciso querer, cultivar e ter dedicação necessária, para poder superar momentos de crise.
Nem sempre a amiga fiel da infância e juventude é nossa melhor defensora na vida.
No nosso universo diário vamos encontrando pessoas com as quais harmoniosamente podemos acomodar ideias e afectos, que com o passar dos tempos tornam-se ligações distintas, não perdendo todavia a mesma classificação: - “amizade”.
Quando adolescente, temos a amiga, que é um ouvido, não um repressor. A grande mecânica das confidências começa cedo, não contamos um segredo à nossa mãe. Mãe é Lei, a mãe assusta-se, escandaliza-se, esperneia, castiga, conta ao pai. A mãe, é nessa altura, o pior terreno para plantar confidências.
Com a amiga, fazemos o intercâmbio do “top secret”, da camisola, do livro, do baton, da sofreguidão de contar as mesmas coisas, pela décima vez , vamos bordando e tecendo sobre tudo e sobre o quase nada. A amiga ouve e entende, ela tem segredos semelhantes, como tal acompanha-nos.
Nessa fase de permuta de identidades, a vergonha desfaz-se. Não há vergonha da amiga!
Nas amizades mais longas, o entendimento é tal, que com facilidade chegamos com meias palavras, lá onde os outros não chegariam nem com muitas palavras inteiras.
Mas nós vamos crescendo, e nem sempre da mesma forma.
Adquirimos novos hábitos, temos novos interesses, vemos a vida de novas formas, e por vezes criamos outras amizades paralelas, que desgraçadamente se confundem com a “amiga dos segredos”.
Estabelece-se então um jogo de intrigas e competição, coloca-se no plano das vitórias pessoais, a conquista dos outros. É o momento das frases venenosas, do diz-que-disse, dos recados malévolos, e aí iniciamos uma nova etapa de conceito de amizade.
Começamos a sentir-nos um trapo, a ternura que dedicámos à amiga , tem que ser revista, para que não fique uma amiga a reboque da outra.
Já em idade adulta, aprendemos que a amizade, não precisa de exclusividade para ser mais forte, não temos que telefonar, sem um motivo prático, podemos viver na mesma cidade,e estarmos juntas só duas vezes por ano.
Uma grande ligação, pode por vezes decepcionar-nos acidentalmente, pode enfraquecer as expectativas da adolescência, mas não culpemos a amizade, mas sim o nosso discernimento.
Fica-nos a certeza que com o amadurecimento e com o tempo, a selecção torna-se mais fácil, e poderemos saber então, com segurança, quem virá conosco até ao fim.

domingo, 26 de abril de 2009

PARIDADE


A semana passada, na mesa ao meu lado no restaurante, encontravam-se três senhoras a almoçar e à conversa. Suponho que colegas de serviço. Sem querer, e dada a pouca distância, fui obrigada a ouvir a discussão que a seguir descrevo:
- Viram a camisa do chefe? Perguntava uma.
- O que é que tinha? Era azul não era? Questionava outra.
- Eu nem olho para ele, quanto mais para a camisa. Dizia a terceira, com desdenho e impaciência pela conversa que se avizinhava
- Nada disso, tinha a camisa toda amarrotada, mal engomada, parecia tê-la vestido directamente saída da máquina.
- Amarrotado já é ele, por isso nem reparei. Explode rapidamente a que nem olhava o chefe.
- AH! Isso, deve ser a querida mulherzinha, que já nem olha para o maridinho. Coitada também já não deve ter “pachorra”.
- Eu também concordo, se o homem, vem trabalhar assim, ou ela, não lhe liga, ou ele nem se vê ao espelho.
- Isso, não acredito! Pois se o tipo, impesta o escritório de perfume, deve passar um bom tempinho de manhã a olhar para si.
- Queres dizer, que a santa, não é boa engomadeira?
- Se calha…!
….
A cavaqueira nem era sequer interessante, mas por associação de ideias, veio-me à lembrança a nossa célebre Lei da Paridade.
Diz a mesma que : “…Entenda-se por paridade, para efeitos de aplicação da Lei, a representação mínima de 33,3% de cada um dos sexos das listas…”.
….
Nada me conduz contra qualquer espécie, e muito menos a minha, mas será que nos dias de hoje a prosa atrás relatada, abona de alguma forma nas qualidades femininas? Creio que abate pela raiz qualquer boa intenção de paridade.
Enquanto existirem mulheres, cujo pensamento se limita “ao vinco da camisa mal engomada”, não me parece que estejamos bem representadas.
Há que mudar mentalidades.
Há que combater o formato “mulher/casa”, “homem/profisional-mentor”.
Não precisamos e inverter situações, existe é a necessidade de lado a lado construirmos uma nova sociedade, onde todos possamos ocupar os mesmos espaços de vivência, pois as capacidades não se classificam pelo género.
E quando este modelo estiver instalado, a dita Lei estará fora de prazo, e a percentagem deverá ser de 50 % e não 33,3%.

sexta-feira, 24 de abril de 2009





Não posso deixar de fazer um post sobre a data.


Há 35 anos, foi com alguma surpresa, que estranhamente não acordei com o despertador, mas com os meus pais a dizerem-me, que naquele dia não poderia sair de casa.
Não havia liceu. Frequentava eu o antigo 7º ano, já lá não deveria estar, mas a preguiça e a rebeldia da idade, tinham-me oferecido, até aquela data, dois valentes chumbos.
Oh, que maçada! Mais umas horitas na cama.
Não foi bem assim.
O rádio gritava a Liberdade, a Tv mostava os soldados em comunhão com o povo, não conseguia descançar, pelo que me apressei a perguntar o que é que se passava.
O meu pai, homem já politizado, pois a PIDE já lhe tinha dado umas boas coronhadas, aquando da cadidatura de Humberto Delgado, explicou-me porque é que ralhava comigo quando eu regaladamente lia os Jornais, que se passeavam por essas alturas ,pelas casas de banho do liceu, o célebre MAEESL. Por aquela época eu gostava do que lia, até concordava, mas não tinha ainda muito bem a noção da máquina, que me impedia de absorver aquilo tudo livremente.

Os cravos permitiram-me o saber, para formar opinião.

Foi maravilhoso poder participar, no primeiro 1º de Maio, poder fazer parte daqueles, que votaram livremente após a queda do Estado Novo.

Participar. Mas participar sem fundamentalismos, aliáz, é doutrina que não me atrai.

A minha luta pela equiadade, não terá por certo efeito, dentro da minha geração, mas acredito e desejo que os meus netos possam viver num Portugal melhor, e para isso luto contra os heróis de hoje que veladamente e em nome da democracia, que supostamente defendem,nos querem tornar amebas.

Enquanto puder, continuarei a defender a Democracia, como Estado de Direito.


Livros

Foi preciso amadurecer, para perceber, o mecanismo da literacia.
Um livro é mais que um amigo,uma companhia,um espelho... Um livro pode conter vivências, emoções, ódios, amores, tudo o que a mente nos agenda.
Um livro pode ser a origem do nosso estar.
Um livro, não será nunca feito de silêncios.

terça-feira, 14 de abril de 2009

myspace layouts codes

Quantas vezes ouvi, em tom de velada repreensão, sábias vozes femininas, dizerem que o lugar da mulher é no lar, especialmente se a nobre tarefa da maternidade lhe bateu à porta.
Não foi exactamente esse o rumo que segui, e pela escolha, também não carrego culpa.
Tenho duas filhas, já adultas, e hoje posso dizer-lhes sem facilitismos, ou palavras bonitas, porque é que nem sempre, fui tão doce quanto gostariam, e porque é que impunemente, de quando em vez, o “NÃO” perentório, escamoteava as minhas inseguranças.
O mundo da forma que está, não foi feito para facilitar a minha tarefa de mãe-trabalhadora.
Quando engravidei da minha primeira filha, a ideia de parar de trabalhar, nem me passou pela cabeça.Primeiro porque precisava de dinheiro, e ainda mais, depois de a ter nos braços... O trabalho era parte integrante de minha vida, bem como a empreitada materna, estando descartada a hipótese de eliminar qualquer uma destas obrigações.
Sei da luta interior, que enfrentei, para me permitir aquilo que para qualquer homem, é apenas um processo natural: o direito ao trabalho.
Decidi por isso, que trabalho e eu viveríamos em comunhão, tentando a maior harmonia possível.
E foi a partir do momento, em que a minha primeira filha nasceu, que comecei a educá-la.
Não ensinei a um bébé de um dia, elementos de etiqueta, não lhe disse que não deveria pôr o dedinho no nariz, mas iniciei logo um processo de amor, e que ela era muito amada, e essa era razão, fundamental da sua presença no mundo.
E daí por diante, quando decidi que teria mais filhos, e nasce a minha segunda filha, o processo desenvolve-se de forma natural, sempre a fazer questão de transmitir que o trabalho da mãe, não era, nem nunca se tornaria num empecilho, que pudesse de algum modo, sobrepor-se ao amor que por elas tinha.
Quantas vezes ao ir para o trabalho, as duas me pediam para não ir e para ficar com elas a brincar, quantas vezes, quando alguma delas, doente, teve que ficar com alguma das avós, para eu passar o dia trancada no escritório? Cheguei a sentir-me a mais sinistra das mulheres.
Fiz questão de estar presente em pelo menos uma das refeições diárias, de acompanhar o trabalho da escola de estar com elas ao encerrar do dia , deitá-las na cama e combinar o fim de semana seguinte.
E pergunto-me agora, que mãe teria sido eu se tivesse deixado de trabalhar em prole das crianças?
Vejo-me estranhamente empobrecida. Sem trabalho teria sido por certo um ser humano mais pobre, dependente, e a dependência é sempre empobrecedora.
E estando eu reduzida ao pequeno mundo doméstico, que educação poderia trasmitir às minhas filhas? Não censuro todavia, as mães que por opção de vida entenderam que o melhor seria acompanhar os filhos desde o acordar, até à oração da noite.
Educação é palavra traiçoeira. Qualquer pessoa pode ser socialmente bem educada, sendo animicamente desprezível. É tempo de repensarmos o que quer dizer “educar”, e penso que essencialmente é o transmitir “um modo de vida”.
No meu conceito, as minhas filhas estão bem educadas, tornaram-se mulheres capazes, actuantes,dinâmicas, uma delas já é mãe, sem que para isso anulasse a sua participação na sociedade.
Não, não fui uma mãe ideal, e as minhas filhas até já descobriram o manancial dos meus defeitos, servem-se à fartazana, mas se eu não tivesse tido o meu próprio combóio, será que teria sido melhor educadora?
Juntas o dia inteiro, fermentaríamos os meus defeitos, num desgaste fatal para a nossa relação, e eu não ficaria mais mãe apenas pela kilometragem. Não creio que hoje conhecendo-me muito bem, me teçam um hino de louvores, mas vivo tranquila, pois o universo “dos bons modos”, é um problema que preocupa apenas as mentes dos “poucochinhos”!!!
Quero aqui também deixar uma palavra, ao amor de PAI, pois sem a sua ajuda, criar as mulheres que hoje temos, era tarefa bem mais difícil.

segunda-feira, 13 de abril de 2009


Não há enganos.
Os acontecimentos que recaem sobre ti,
por muito desagradáveis que sejam,
são necessários para que aprendas
aquilo que precisas aprender.

Cada passo que dás
é necessário para chegar ao local

que escolheste.
Richard Bach

É preciso meditar, sobre nós e sobre o que nos rodeia!
Conclusões, nem sempre somos capazes, façamos, um esforço e vamos conseguir, ter um Mundo Melhor!

terça-feira, 7 de abril de 2009

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Glittery texts by bigoo.ws

myspace glitters

Há muitos anos atrás, deu-se à vida, abraçou-a e hoje, as rugas, traçam relevos de rios cruzados no rosto.
Oitenta e seis idades.
Obrigada mãe, pela ousadia, de teres permitido que nascesse.
Obrigada por teres sido bonita, em todas as estações do meu percurso.
Obrigada mãe, pela trincheira, com que sempre amparaste a minha vida.
Obrigada por não teres deixado pelo caminho as esperanças, vindimadas pela má sorte.
Obrigada pela forma como de sogra te converteste em mãe.
Obrigada pela avó e bisavó que és, ensinando a todos nós que o “AMOR”, é obra em permanente construção.
Obrigada mãe, pelo ontem, pelo agora, e que o amanhã, como hoje continue a iluminar os teus cabelos brancos.