«Não é sinal de saúde estar bem adaptado a esta sociedade doente»
Jiddu Krishnamurti

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Não lembra ao diabo, mas aos papás...

Os papás é que mandam! (?)
Ora aqui está quem pode e manda (e até avalia profs)! .......
(Isto é só uma peq. amostra do que chega diariamente às escolas).



Não falta muito pra vir escrito assim:
" DE: Encarregado de Educação
PARA: professora
MENSAGEM: o meu educando não leva livros porque não lhe apetece ter aulas.
ASSINATURA: o papá "

Este ano já foram recebidas msgs do tipo: "Nao concordo com as faltas que a minha filha tem, porque quando ela falta está comigo.
Portanto, já não falta assim tanto... E este:


Perante isto os Prof. têm direito a escrever , na caderneta, uma mensagem aos Enc. de Educ. a dizer: - não preparei e não dei as aulas que devia, porque estava muito cansado de "recuperar os alunos cansados" para estes acompanharem os outros...

terça-feira, 28 de abril de 2009

À A.R. e P.

layouts myspace


"A melhor maneira de ter bons filhos é fazê-los felizes."

( Oscar Wilde )




À J.

Recados do Orkut

"Há sempre esperança, quando há vida humana."
( Simone Weil )



AMIZADE

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.
(Dummond de Andrade)

Não creio que alguém, possa ter muitas e grandes amizades que perdurem pelos tempos do viver.
Uma grande amizade, não é fácil. É preciso querer, cultivar e ter dedicação necessária, para poder superar momentos de crise.
Nem sempre a amiga fiel da infância e juventude é nossa melhor defensora na vida.
No nosso universo diário vamos encontrando pessoas com as quais harmoniosamente podemos acomodar ideias e afectos, que com o passar dos tempos tornam-se ligações distintas, não perdendo todavia a mesma classificação: - “amizade”.
Quando adolescente, temos a amiga, que é um ouvido, não um repressor. A grande mecânica das confidências começa cedo, não contamos um segredo à nossa mãe. Mãe é Lei, a mãe assusta-se, escandaliza-se, esperneia, castiga, conta ao pai. A mãe, é nessa altura, o pior terreno para plantar confidências.
Com a amiga, fazemos o intercâmbio do “top secret”, da camisola, do livro, do baton, da sofreguidão de contar as mesmas coisas, pela décima vez , vamos bordando e tecendo sobre tudo e sobre o quase nada. A amiga ouve e entende, ela tem segredos semelhantes, como tal acompanha-nos.
Nessa fase de permuta de identidades, a vergonha desfaz-se. Não há vergonha da amiga!
Nas amizades mais longas, o entendimento é tal, que com facilidade chegamos com meias palavras, lá onde os outros não chegariam nem com muitas palavras inteiras.
Mas nós vamos crescendo, e nem sempre da mesma forma.
Adquirimos novos hábitos, temos novos interesses, vemos a vida de novas formas, e por vezes criamos outras amizades paralelas, que desgraçadamente se confundem com a “amiga dos segredos”.
Estabelece-se então um jogo de intrigas e competição, coloca-se no plano das vitórias pessoais, a conquista dos outros. É o momento das frases venenosas, do diz-que-disse, dos recados malévolos, e aí iniciamos uma nova etapa de conceito de amizade.
Começamos a sentir-nos um trapo, a ternura que dedicámos à amiga , tem que ser revista, para que não fique uma amiga a reboque da outra.
Já em idade adulta, aprendemos que a amizade, não precisa de exclusividade para ser mais forte, não temos que telefonar, sem um motivo prático, podemos viver na mesma cidade,e estarmos juntas só duas vezes por ano.
Uma grande ligação, pode por vezes decepcionar-nos acidentalmente, pode enfraquecer as expectativas da adolescência, mas não culpemos a amizade, mas sim o nosso discernimento.
Fica-nos a certeza que com o amadurecimento e com o tempo, a selecção torna-se mais fácil, e poderemos saber então, com segurança, quem virá conosco até ao fim.

domingo, 26 de abril de 2009

PARIDADE


A semana passada, na mesa ao meu lado no restaurante, encontravam-se três senhoras a almoçar e à conversa. Suponho que colegas de serviço. Sem querer, e dada a pouca distância, fui obrigada a ouvir a discussão que a seguir descrevo:
- Viram a camisa do chefe? Perguntava uma.
- O que é que tinha? Era azul não era? Questionava outra.
- Eu nem olho para ele, quanto mais para a camisa. Dizia a terceira, com desdenho e impaciência pela conversa que se avizinhava
- Nada disso, tinha a camisa toda amarrotada, mal engomada, parecia tê-la vestido directamente saída da máquina.
- Amarrotado já é ele, por isso nem reparei. Explode rapidamente a que nem olhava o chefe.
- AH! Isso, deve ser a querida mulherzinha, que já nem olha para o maridinho. Coitada também já não deve ter “pachorra”.
- Eu também concordo, se o homem, vem trabalhar assim, ou ela, não lhe liga, ou ele nem se vê ao espelho.
- Isso, não acredito! Pois se o tipo, impesta o escritório de perfume, deve passar um bom tempinho de manhã a olhar para si.
- Queres dizer, que a santa, não é boa engomadeira?
- Se calha…!
….
A cavaqueira nem era sequer interessante, mas por associação de ideias, veio-me à lembrança a nossa célebre Lei da Paridade.
Diz a mesma que : “…Entenda-se por paridade, para efeitos de aplicação da Lei, a representação mínima de 33,3% de cada um dos sexos das listas…”.
….
Nada me conduz contra qualquer espécie, e muito menos a minha, mas será que nos dias de hoje a prosa atrás relatada, abona de alguma forma nas qualidades femininas? Creio que abate pela raiz qualquer boa intenção de paridade.
Enquanto existirem mulheres, cujo pensamento se limita “ao vinco da camisa mal engomada”, não me parece que estejamos bem representadas.
Há que mudar mentalidades.
Há que combater o formato “mulher/casa”, “homem/profisional-mentor”.
Não precisamos e inverter situações, existe é a necessidade de lado a lado construirmos uma nova sociedade, onde todos possamos ocupar os mesmos espaços de vivência, pois as capacidades não se classificam pelo género.
E quando este modelo estiver instalado, a dita Lei estará fora de prazo, e a percentagem deverá ser de 50 % e não 33,3%.

sexta-feira, 24 de abril de 2009





Não posso deixar de fazer um post sobre a data.


Há 35 anos, foi com alguma surpresa, que estranhamente não acordei com o despertador, mas com os meus pais a dizerem-me, que naquele dia não poderia sair de casa.
Não havia liceu. Frequentava eu o antigo 7º ano, já lá não deveria estar, mas a preguiça e a rebeldia da idade, tinham-me oferecido, até aquela data, dois valentes chumbos.
Oh, que maçada! Mais umas horitas na cama.
Não foi bem assim.
O rádio gritava a Liberdade, a Tv mostava os soldados em comunhão com o povo, não conseguia descançar, pelo que me apressei a perguntar o que é que se passava.
O meu pai, homem já politizado, pois a PIDE já lhe tinha dado umas boas coronhadas, aquando da cadidatura de Humberto Delgado, explicou-me porque é que ralhava comigo quando eu regaladamente lia os Jornais, que se passeavam por essas alturas ,pelas casas de banho do liceu, o célebre MAEESL. Por aquela época eu gostava do que lia, até concordava, mas não tinha ainda muito bem a noção da máquina, que me impedia de absorver aquilo tudo livremente.

Os cravos permitiram-me o saber, para formar opinião.

Foi maravilhoso poder participar, no primeiro 1º de Maio, poder fazer parte daqueles, que votaram livremente após a queda do Estado Novo.

Participar. Mas participar sem fundamentalismos, aliáz, é doutrina que não me atrai.

A minha luta pela equiadade, não terá por certo efeito, dentro da minha geração, mas acredito e desejo que os meus netos possam viver num Portugal melhor, e para isso luto contra os heróis de hoje que veladamente e em nome da democracia, que supostamente defendem,nos querem tornar amebas.

Enquanto puder, continuarei a defender a Democracia, como Estado de Direito.


Livros

Foi preciso amadurecer, para perceber, o mecanismo da literacia.
Um livro é mais que um amigo,uma companhia,um espelho... Um livro pode conter vivências, emoções, ódios, amores, tudo o que a mente nos agenda.
Um livro pode ser a origem do nosso estar.
Um livro, não será nunca feito de silêncios.

terça-feira, 14 de abril de 2009

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Quantas vezes ouvi, em tom de velada repreensão, sábias vozes femininas, dizerem que o lugar da mulher é no lar, especialmente se a nobre tarefa da maternidade lhe bateu à porta.
Não foi exactamente esse o rumo que segui, e pela escolha, também não carrego culpa.
Tenho duas filhas, já adultas, e hoje posso dizer-lhes sem facilitismos, ou palavras bonitas, porque é que nem sempre, fui tão doce quanto gostariam, e porque é que impunemente, de quando em vez, o “NÃO” perentório, escamoteava as minhas inseguranças.
O mundo da forma que está, não foi feito para facilitar a minha tarefa de mãe-trabalhadora.
Quando engravidei da minha primeira filha, a ideia de parar de trabalhar, nem me passou pela cabeça.Primeiro porque precisava de dinheiro, e ainda mais, depois de a ter nos braços... O trabalho era parte integrante de minha vida, bem como a empreitada materna, estando descartada a hipótese de eliminar qualquer uma destas obrigações.
Sei da luta interior, que enfrentei, para me permitir aquilo que para qualquer homem, é apenas um processo natural: o direito ao trabalho.
Decidi por isso, que trabalho e eu viveríamos em comunhão, tentando a maior harmonia possível.
E foi a partir do momento, em que a minha primeira filha nasceu, que comecei a educá-la.
Não ensinei a um bébé de um dia, elementos de etiqueta, não lhe disse que não deveria pôr o dedinho no nariz, mas iniciei logo um processo de amor, e que ela era muito amada, e essa era razão, fundamental da sua presença no mundo.
E daí por diante, quando decidi que teria mais filhos, e nasce a minha segunda filha, o processo desenvolve-se de forma natural, sempre a fazer questão de transmitir que o trabalho da mãe, não era, nem nunca se tornaria num empecilho, que pudesse de algum modo, sobrepor-se ao amor que por elas tinha.
Quantas vezes ao ir para o trabalho, as duas me pediam para não ir e para ficar com elas a brincar, quantas vezes, quando alguma delas, doente, teve que ficar com alguma das avós, para eu passar o dia trancada no escritório? Cheguei a sentir-me a mais sinistra das mulheres.
Fiz questão de estar presente em pelo menos uma das refeições diárias, de acompanhar o trabalho da escola de estar com elas ao encerrar do dia , deitá-las na cama e combinar o fim de semana seguinte.
E pergunto-me agora, que mãe teria sido eu se tivesse deixado de trabalhar em prole das crianças?
Vejo-me estranhamente empobrecida. Sem trabalho teria sido por certo um ser humano mais pobre, dependente, e a dependência é sempre empobrecedora.
E estando eu reduzida ao pequeno mundo doméstico, que educação poderia trasmitir às minhas filhas? Não censuro todavia, as mães que por opção de vida entenderam que o melhor seria acompanhar os filhos desde o acordar, até à oração da noite.
Educação é palavra traiçoeira. Qualquer pessoa pode ser socialmente bem educada, sendo animicamente desprezível. É tempo de repensarmos o que quer dizer “educar”, e penso que essencialmente é o transmitir “um modo de vida”.
No meu conceito, as minhas filhas estão bem educadas, tornaram-se mulheres capazes, actuantes,dinâmicas, uma delas já é mãe, sem que para isso anulasse a sua participação na sociedade.
Não, não fui uma mãe ideal, e as minhas filhas até já descobriram o manancial dos meus defeitos, servem-se à fartazana, mas se eu não tivesse tido o meu próprio combóio, será que teria sido melhor educadora?
Juntas o dia inteiro, fermentaríamos os meus defeitos, num desgaste fatal para a nossa relação, e eu não ficaria mais mãe apenas pela kilometragem. Não creio que hoje conhecendo-me muito bem, me teçam um hino de louvores, mas vivo tranquila, pois o universo “dos bons modos”, é um problema que preocupa apenas as mentes dos “poucochinhos”!!!
Quero aqui também deixar uma palavra, ao amor de PAI, pois sem a sua ajuda, criar as mulheres que hoje temos, era tarefa bem mais difícil.

segunda-feira, 13 de abril de 2009


Não há enganos.
Os acontecimentos que recaem sobre ti,
por muito desagradáveis que sejam,
são necessários para que aprendas
aquilo que precisas aprender.

Cada passo que dás
é necessário para chegar ao local

que escolheste.
Richard Bach

É preciso meditar, sobre nós e sobre o que nos rodeia!
Conclusões, nem sempre somos capazes, façamos, um esforço e vamos conseguir, ter um Mundo Melhor!

terça-feira, 7 de abril de 2009

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Glittery texts by bigoo.ws

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Há muitos anos atrás, deu-se à vida, abraçou-a e hoje, as rugas, traçam relevos de rios cruzados no rosto.
Oitenta e seis idades.
Obrigada mãe, pela ousadia, de teres permitido que nascesse.
Obrigada por teres sido bonita, em todas as estações do meu percurso.
Obrigada mãe, pela trincheira, com que sempre amparaste a minha vida.
Obrigada por não teres deixado pelo caminho as esperanças, vindimadas pela má sorte.
Obrigada pela forma como de sogra te converteste em mãe.
Obrigada pela avó e bisavó que és, ensinando a todos nós que o “AMOR”, é obra em permanente construção.
Obrigada mãe, pelo ontem, pelo agora, e que o amanhã, como hoje continue a iluminar os teus cabelos brancos.

sexta-feira, 27 de março de 2009

segunda-feira, 23 de março de 2009

Estamos todos à procura da felicidade.
Mas como pesquisar um engenho, que se encontra na esfera do abstracto, sem rosto, que apenas intuímos?
Na verdade, a maioria das pessoas, não é exactamente feliz. O que não equivale a ser infeliz.
Ouso dizer que a maior parte das pessoas que se adorna como feliz, está na verdade apenas satisfeita.Creio que a felicidade é um agente que vem mais de dentro para fora, do que de fora para dentro. Todavia não podemos desacreditar que o fenómeno dos factores externos, atingem uma valência, à qual não nos podemos alhear.
Quem é feliz, é árvore-mãe, ama a vida, manifestando-se no amor pelos outros. Sem amor a si próprio, sem amor aos demais, questiona a possibilidade de conquistar na alma e no sorriso, a bem merecida felicidade.
Não conheço ninguém, que ao acordar, um dia, de repente descobriu que se encontrava inesperadamente feliz.
Com o tempo aportamos numa margem, do rio que simula a nossa vida, e descobrimos que os outros não são mais felizes do que nós. São apenas reflexo dos sonhos que projectamos.
Adocicando, aprendendo, lutando, tentando abrir o círculo, apossamo-nos, do que todos nós gostaríamos de poder sentir, FELICIDADE!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.
(Fernando Pessoa)

quarta-feira, 11 de março de 2009



Num dia de sol brilhante, na esplanada que estava mais à mão, saboreámos o café da manhã, sem que um sorriso acontecesse na conversa que eu e a minha amiga H., sem qualquer premeditação desenvolvíamos.
H. anda desanimada
Hoje, contou-me que, um aperto lhe chegara ao peito.
Sem pedir licença a tristeza apoderou-se da sua razão.
Com uma amargura intensa , disse que após muitos anos de trabalho, permanece há doze meses, num cenário comum, : desempregada.
É fácil entender as causas do desalento, mas sofre-las, é um esforço penoso.
O assunto não é novo nem emocionante, mas com família constituída, optou pela mais fácil direcção, tornar-se “dona de casa”.
Esta fuga, aos hábitos edificados havia décadas, começou com um empenho, que só, o eixo de amor na família , permitiu que este trabalho, embora não remunerado em notas, fosse inicialmente uma simbiose de dádiva e alegria.
Entre uma tarefa e outra, a que generosamente se obriga, os dias teimam em ser iguais.
O empreendedorismo caseiro, escalou para um patamar de obrigações, cuja imagem há muito reclamava não serem só de sua pertença, mas que foi permitindo ao longo dos anos, tornando-se hoje empreitadas, que a família encara como a sua quota de responsabilidade na micro sociedade onde pertence.
A dor envenena .
Sente-se hipotecada, à formula de vida que sempre recusou.
Não existem interesses no seu horizonte.
Pergunta-me para quê, limpar, cozinhar, engomar , se ao final da tarde chegam os filhos, já adultos , e espalham pela casa pacotes vazios de bolachas e de respeito. O marido deixa o jornal aberto a descansar sobre o sofá, que deveria ser espaço de diálogo sobre o dia de cada um.
Pergunta-me se a vida de uma “dona de casa” é assim, e se este é um processo banal.
Embora se encontre longe de pretender ser lider feminista, o aceitar, tarda a acontecer.
Após mais um café,tento deixar-lhe alguma esperança, e dizer-lhe que aquilo a que apelidamos de “corriqueiro”, pode transformar-se em qualquer coisa de bom. Temos que falar quando entendemos ter alguma coisa a dizer, assim nos oiçam...!Mas mesmo que o não façam nós erguemos a nossa voz.
Não nos podemos zangar com a vida, só porque foi vâ, a tentativa de cumprir o que imaginámos, quando jovens.
Não deixes que nasça essa sensação de vida mal vivida, não percas essa vontade de realizar coisas que pensas se perderam, engolidas pela rotina doméstica.
Estes são efectivamente esquemas comuns, que todos conhecemos, e se alguns de nós criam capacidade para enfrentar as alterações que se nos apresentam,outros refugiam-se num relógio que não dá horas.
Mas o tempo não pára!

terça-feira, 3 de março de 2009

"Cada um tem o seu passado fechado em si, tal como um livro que se conhece de cor, livro de que os amigos apenas levam o título."
(Virginia Woolf)
I
A., moldado em infância de rebeldia era “Zorro”, não na verdade da palavra, pois o pai, homem de honra, e funcionário público não se poderia dar ao luxo de ter um produto por si germinado, e correr o risco de ficar sem emprego pelo que a opção, seria carimbar-lhe a sua assinatura.


E assim se registou, com o nome do pai e apelido de família, não sem antes empacotar no intervalo o sobrenome da mãe.

O apego do lar, era obra difícil de cumprir, pelo que breve, a mãe de A., à data teria este, ainda poucos meses de vida, voltaria à sua terra natal, com o pequeno fruto de um amor que muito depressa deu lugar à raiva.
A luta, pelo sustento era obra quase incomportável. As terras, poucas, mal davam para as sopas, a aldeia, era demasiado pequena para fazer ouvidos moucos ao falatório, e especialmente porque os “sonhos” eram coisa que não cabia naquele domínio.
Voou para uma cidade grande, com o pequeno atrás, e depressa se impressionou por um italiano, de porte, a quem não fazia diferença o facto de em tempos a sua deusa, se ter enovelado noutros lençóis de linho.

Mas para A., esta segunda oportunidade que a mãe se encontrava a viver, seria a árvore, cheia de galhos velhos e a esgaçar, que ele teria que subir durante a infância e adolescência.


Já homem, espigado encontra na capital, aquela que lhe viria a tornar os dias e noites mais estimulantes.



II



L., é gema de uma família que não se zangava com Deus. A sua origem social, não permitia conhecer maravilhas, as terras não eram muitas, mas lá se colhia e criava o suficiente para sustentar oito filhos, e no inicio do século apesar da ingratidão dos tempos, todos eles foram à escola.
Na facilidade do riso e na ternura do amor, os sacrifícios valeram a pena, pois incluída no lote dos oito, L., viveu uma infância feliz e uma adolescência encostada às irmãs mais velhas, que já tinham deixado a aldeia, deixando os pais vestidos de silêncio e de saudades da prole.
Gozava do pretígio de ser uma menina bem comportada. Aprendera a ler, a cozinhar, a bordar.
Começara a botar corpo, e os ouvidos já desabituados do carinho dos pais, pois já há muito que deixara de os ter por perto , os sussurros de A.,faziam ninho de tentação...



III


E,
Quando um casal mal ganha para a renda do quarto, os transportes lhe levam mais do que a calçada lhe gasta nos tacões, o caldo é de batatas e couve, um filho é erva daninha em terreno que se queria de pousio.
Descendência era privilégio de rico.
Não se acautelaram.L., transformou-se em terra adubada.
Habitavam em quarto exíguo, sem jamais esperar mudança, mas o fedelho vingaria, apesar de malgrado o esforço de cada dia.

LISBOA deixara de ser considerada um conto de fadas, o casamento tão pouco, o trabalho começava ainda o sol, não tinha nascido, a “féria” era parca, e a vida por si, só tinha razão, porque em dia de delírio, remeteu um catraio ao mundo, que lhe acena em parto ainda feito de dor.
Em hora que a cidade já pulsava, a criança ao abrir os olhos, depara-se com o planeta em desordem. Apesar de ser quarta feira e os videntes crerem que o dia é propício para, grandes negócios, favorece a escrita e inspira confiança, nesse dia Agostinho Neto, regressa a Luanda e assume a presidência do movimento, o Partido Comunista defende uma solução pacífica para o problema político português, começa o período de emissões experimentais da RTP, e pela primeira vez na história, os Jogos Olímpicos foram realizados fora da Europa ou dos Estados Unidos, chegando à Austrália.


Grandes mudanças, mas a fonte que aconchega o bebé, revela-se uma imagem apagada, encolhida, vazia de queixumes como quem cheirou a habilidade de revelar poucas falas, olhos baixos, e sorriso acanhado, mas de dentro emanava um calor, que iria fazer espigar o inocente, por forma a atestar, que o destino ruim de ter nascido serva, não lhe cederia por herança.
E aqui começa o "INICIO DE MIM" !

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009




O PRIMEIRO


CRUZOCACILHEIRO








Ninguém tem futuro, se não tiver tido um passado.

Toda a experiência que vivemos, boa ou má, faz-nos crescer, venham elas...!

Hoje a Bibocas, foi atravessar o Tejo, e pela primeira vez ,em quatro anos de vida, num cacilheiro.


A aquisição do bilhete na gare, começou por ser uma novidade, normalmene para andar de carrro não compra ingresso.
O barco, esse sim, foi a grande maravilha, tudo era novo, as cordas, os grandes pneus, as varandas, e com especial alegria, todo o horizonte que alcançava, era espaço que classificava de uma forma ou de outra. Mas para grande espanto dos acompanhantes adultos, a ondulação que o movimento da embarcação produzia era a informação mais absorvida.


Descer e subir escadas com o barco em movimento, foi outra "ganda maluquice".

Alguém disse: " Se a felicidade for pouca, ao menos que seja intensa", . Este pequeno passeio num simples cacilheiro, tornou a Bibocas, mais feliz, teve um conhecimento não intenso sobre barcos, mas foi, "coisa" nova.

Se a felicidade de uma criança, passar por estas pequenas coisas, então prometo que vou agarrar todas as oportunidades, para que seja INTENSAMENTE FELIZ.








sábado, 21 de fevereiro de 2009



"As idéias são como pulgas, saltam de uns para outros, mas não mordem a todos."

Bernard Shaw

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009



Hoje não há pensamento, vou cogitar sobre o que abaixo digo



Fantástico!

“...sofreu um AVC porque lhe foi reduzido o numero de horas de trabalho...!”

“... foi a Londres fazer uma operação às cataratas, e regressou com uma gigante vontade de retomar mega produções...!”

“... mais um enchimento, agora ... as maminhas...!”


Estes títulos, fazem parte da imprensa que nos impõem, e que me enouriçam.

Servem para quê estas notícias?

Servem a quem?

Alguém faz ideia do número, de trabalhadores, que ficou sem emprego, nestes últimos meses?
Muitos com filhos, aos quais provavelmente a fome baterá á porta.
Alguém faz ideia da quantidade de gente, que vive atamancado de vista, porque o nosso SNS não dispõe de meios para tirar as pelinhas dos olhos?
Algém faz ideia, porque existe a necessidade de encher maminhas? Só para mentes sibilantes.

Alguém nos diz, porque é que o banco do estado, aumenta as taxas, assim que gasta mais uns milhões, para atulhar os cofres, que com destreza se esvaziaram para alguns?

Alguém tem CORAGEM para nos dizer o real “porquê” das notícias, que não são informação?

Será que não temos jornalistas interessado, no que deveras nos incomoda? Não acredito.
Será que não temos leitores interessados, nas verdadeiras realidades?
Será que os jornais deixariam de vender, e mais gente ficaria no desemprego?

Então recebamos, com alegria as migalhas que nos oferecem, e deixemo-nos de reclamações.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"Posso perdoar a força bruta, mas a razão bruta é uma coisa irracional.
É bater abaixo da linha do intelecto."
(Oscar Wilde)
Salazar. Salazar. Salazar!...
Que fartura.
Não sei o que deu a esta gente,(diga-se: cineastas, escritores, opinion makers, etc. ) para subitamente começarem a ocupar os nossos espaços, com esta figurinha.
É um facto que só nos falam da figurinha.

Eu quero lá saber, quem o homem amou.
Eu quero lá saber, quem lhe governava o ordenado.
Eu quero lá saber, que só bebia vinho tinto produzido na sua terra.
Eu quero lá saber, que gostava de cozido à portuguesa.
Eu quero á saber, que ele não gostava de fado.
…..

É isto que querem que fique na história?
EU NÃO QUERO…!

Quero saber, porque querem secar as lágrimas a muitos pais, que perderam os filhos, a muitos filhos que não conheceram os pais, a muitos homens que vivem ainda com um sentimento de estorvilho, por se encontrarem mutilados física e mentalmente .
Quero saber, porque tivemos fome, quando as barras de ouro se amontoavam nos cofres da Casa da Moeda.
Quero saber, porque é que tivemos que ficar sós e isolados do mundo.
Quero saber, porque é que tivemos que esconder livros.
Quero saber, porque é que amareleceram o nosso viver à catanada.
Quero saber, e transmitir aos meus filhos, que não estamos bem, mas também não vale a pena voltar atrás.

Já agora, alguém me diz, porquê esta lavagem?

No que me diz respeito, não vão conseguir.
Garanto-vos que não me desordenam o pensamento.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

"De todos os presentes da natureza para a raça humana, o que é mais doce para o homem do que as crianças?"


( Ernest Hemingway )


-Olá avó !
-Olá minha linda. Estás boa?
- Estou, olha vó queres saber uma surpresa?
-Claro que sim. O que é que se passa?
-Sabes, é verdade, a mãe tem um bébé na barriga, e eu já lhe dei muitos beijinhos.
-Oh Beatriz, quer dizer que vais ter um mano ou uma mana...!
- Pois é vó. Agora é um bébé...
-Olha filha, a avó está muito contente, agora deixa-me falar com a mãe, está bem ?
.................
Quem disse que só a terra é fértil, que só o campo é grávido em searas e papoilas?
Um fluxo de vida, que este telefonema da minha neta provocou em mim é fruto de uma maturação infinitamente mais veloz que o desabrocar de todas as flores do campo, que trazem o sol na pele e a chuva no seio.
Faltam-me os vocábulos, para transmitir ao mundo que estou feliz, mas quero partilhar com todos que ser avó, é muito muito bom, torna-nos superiores.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

RECORDAR É , POR VEZES LAMENTAR.

Hoje acordei pardacenta como o dia.
A chuva e as nuvens ceifaram o brilho do sol, tal como a morte à 16 anos acolheu aquele de quem falarei um dia, com calma, tentando alguma perfeição na escrita, de forma a que nada fique ao acaso.
Faria hoje 82 anos, o meu pai.
É estranho, mas a data do seu aniversário, é o dia do ano em que normalmene mais me recordo dele. Não sei explicar isto.
Hoje o clima lembra-me um 5 de Outubro, teria eu uns doze anitos, fomos os dois passear. Era feriado, mas a minha mãe teria que ir trabalhar, então o meu pai resolveu, que o dia iria ser nosso, talvez numa tentativa de reconciliar muitos dos desconcertos que nossa relação tinha, e se manteriam ao longo dos anos.
Tentei impedir a ideia, desculpando-me com o facto de não ter sapatos adequados, para ir até à Praça do Município, também não tinha uma malita decente, enfim eu não tinha nada em comum com ele, para ir passear. Mas como sempre, a sua suprema vontade manteve-se e prontamente me levou a uma sapataria em Algés, onde comprou uns sapatos e uma mala, a seu gosto, que caprichosamente, apesar da minha relutância, tive que usar. Indo assim contrafeita ouvir o Marcelo Caetano ou o Tomáz, já nem sei, dizer umas coisas que de mim estavam tão longe, como hoje estou do infinito.
Após a prosa política, fomos até ao Terreio do Paço, onde embarcámos num caciheiro, que nos levou a um restaurante de Cacilhas, francamente não lembro o que comi. Sei e ainda retenho o confronto entre a louca vontade de voltar para casa, para junto da minha mãe, e o seu orgulho desvelado de um pai mostrando-me a cidade do outro lado do rio, tentanto comungar comigo aquelas horas de “boa relação”.
Sinto-me triste, por ser de forma tão crua que neste dia recordo o homem que por muito me querer, calcorreou a vida de progenitor com erros sobre erros.
Amparo a mágoa, como a chuva que hoje cai sobre o meu chapéu. Por vezes vem, escorrega, e de quando em vez regressa.
Alimento a esperança de um dia, nos podermos encontrar e talvez conseguir ententer o porquê de muitas coisas que ficaram por dizer.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A vida ou é uma aventura ousada ou não é nada.
(Hellen Keller)
É de memórias..., é de frases que provavelmente darão origem a diversos temas..., é de pensamentos..., é de vivências..., é de tramóias..., é de histórias..., enfim um sem número de temas que no dia a dia se me apresentam, bem como o desafio de escrever para o mundo virtual, ou quem sabe, para os que me são queridos, perceberem o porquê de alguns discursos ou atitudes menos bem definidas.

É de vida… , exactamente o nome deste blog ; “VIDA” .
Esta “Buhay” que se vos apresenta faz parte de um idioma, falado por milhões de Filipinos.
Não que as Filipinas, me seduzam particularmente, mas o facto de 7 mil e tal ilhas serem um só País, relaciona-se com o que pretendo levar a diante com este blog.

Segmentar pequenos pedaços da minha humilde existência.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

JOGOS


Conjugar palavras bonitas, desconheço se sei fazer.

Apetece-me seguir este pensamente de Machado de Assis, que deu mote, ao que doravante irá ser um dos meus portos de abrigo.