«Não é sinal de saúde estar bem adaptado a esta sociedade doente»
Jiddu Krishnamurti

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Poema de agradecimento à corja

Obrigado, excelências.

Obrigado por nos destruírem o sonho e a oportunidade
de vivermos felizes e em paz.
Obrigado
pelo exemplo que se esforçam em nos dar
de como é possível viver sem vergonha, sem respeito e sem
dignidade.
Obrigado por nos roubarem. Por não nos perguntarem nada.
Por não nos darem explicações.
Obrigado por se orgulharem de nos tirar
as coisas por que lutámos e às quais temos direito.
Obrigado por nos tirarem até o sono. E a tranquilidade. E a alegria.
Obrigado pelo cinzentismo, pela depressão, pelo desespero.
Obrigado pela vossa mediocridade.
E obrigado por aquilo que podem e não querem fazer.
Obrigado por tudo o que não sabem e fingem saber.
Obrigado por transformarem o nosso coração numa sala de espera.
Obrigado por fazerem de cada um dos nossos dias
um dia menos interessante que o anterior.
Obrigado por nos exigirem mais do que podemos dar.
Obrigado por nos darem em troca quase nada.
Obrigado por não disfarçarem a cobiça, a corrupção, a indignidade.
Pelo chocante imerecimento da vossa comodidade
e da vossa felicidade adquirida a qualquer preço.
E pelo vosso vergonhoso descaramento.
Obrigado por nos ensinarem tudo o que nunca deveremos querer,
o que nunca deveremos fazer, o que nunca deveremos aceitar.
Obrigado por serem o que são.
Obrigado por serem como são.
Para que não sejamos também assim.
E para que possamos reconhecer facilmente
quem temos de rejeitar.



Joaquim Pessoa

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Legalmente fera !




O que se faz geralmente com a fera é prendê-la na jaula, enfiar-lhe uma sólida focinheira, atar-lhe uma coleira ao pescoço,e amansar-lhe o temperamento com muito chicote no lombo.
Assim instruída, poderá até subir um trampolim, levantar-se sobre as patas traseiras, e até pular por dentro de um círculo em chamas.
E palmas. Muitas palmas!
Pelo menos até ao momento em que distraído o domador, a fera salta, dentes à mostra.
É assim que a sociedade de um modo geral, convive com a agressividade.Proibindo-a de se manifestar, trancando-a numa sólida jaula de preconceitos moras, enfiando-lhe um açaime de vetos e inibições.
Agredir fisicamente é proibido por lei. Agredir verbalmente é falta de caridade cristã. Contradizer é pecado, o certo é oferecer a outra face e receber o insulto em dobro.Criança que bate no irmão mais pequeno é cobarde. Irmão mais novo que provoca o mais velho, excede-se e vai de castigo. Mulher que bate noutra, que vulgaridade!
Bonito enfim, é o manso, o doce, o sempre compreensivo.
E embora sejamos todos feras, pretendemos a beatitude de um santo qualquer.

sábado, 16 de outubro de 2010

I Know I have to go...

...
Now there's a way and I know
That I have to go away
I know I have to go
...



Cat Stevens
Father And Son

segunda-feira, 11 de outubro de 2010


Nestes tempos em que tudo se distorce, manifestam-se constantemente falsos afectos por forma a sentirmo-nos devedores em permanência, tal como o canídeo de Pavlov.
-“Toma lá o doce. Não o mereces. Ofereço-to, para que sintas, que me deves qualquer coisa.”
Assim vai andando este país…


terça-feira, 5 de outubro de 2010

Canção Tonta




Mama.
Eu quero ser de prata.

Filho,
Terás muito frio.

Mama.
Eu quero ser de água.

Filho,
Terás muito frio.

Mama.
Borda-me em teu travesseiro.

Isso sim!
Agora mesmo!


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Perversos somos todos...

Delicadamente perversos, somos todos.


A criança, sobre quem as leis sociais incidem apenas parcialmente, e à qual, ainda muita coisa é permitida, relaciona-se com as suas amizades na base do “chapadão”. Se tiver alguma querela com alguma outra, avança logo com um pontapé na canela e resolve o problema. Mas a criança é um “pequeno-selvagem”.

Nós adultos, somos muito mais civilizados. Se estamos com raiva de alguém esperamos o melhor momento, para descarregar, fraterna e compreensivamente, e somente para o seu bem, dizendo que não concordamos com isto ou com aquilo, com esta ou com aquela atitude, serviço pelo qual seremos compensados na primeira oportunidade, reparando, por exemplo, naquele cheiro do cigarro, que nos esforçamos tanto por disfarçar.

A criança deixa somente uma marca na canela, que em curtas horas desaparece.

Nós gente civilizada, não deixamos marcas visíveis, mas abrimos pequenas e grandes feridas na alma, que custam muito mais a sarar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

domingo, 19 de setembro de 2010

Lugar de todos

Elaborar correctamente a rivalidade natural, que se estabelece entre seres, é um dos pontos mais delicados e fundamentais na vida de todos nós.
É preciso entender que para assumir o nosso lugar no mundo, precisamos de pisar o terreno, que na realidade é de todos.
O lugar de uns, é, pelas próprias leis da natureza, o lugar de outros, e aqui reside a chamada “pressão do: acredito que sou melhor”.

Aproveitam-se as fraquezas dos demais. Tudo vale; insulto, manobras de desgaste mental, indução à religiosidade, etc. etc.
Mas a mentira tem perna curta ! E quando descobertos, quando a verdade começa a incomodar, e outros, demasiados outros, contrapõem o que julgámos faze-los acreditar a teia fica fininha, fácil de rebentar.

Também há outros, que fingem que acreditam na mentira, para esses, e para os que a praticam, fica bem claro, o sentido do embuste.

Aqui o perigo, são as rugas internas, as que não aparecem no espelho, e que de repente se descobrem fundas, não existindo plástica que as disfarce.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Decisões...

Quantas vezes ouvi, em tom de velada repreensão, sábias vozes femininas, dizerem que o lugar da mulher é no lar, especialmente se a nobre tarefa da maternidade lhe bateu à porta.

Não foi exactamente esse o rumo que segui, e pela escolha, também não carrego culpa.
Tenho duas filhas, já adultas, e hoje posso dizer-lhes sem facilitismos, ou palavras bonitas, porque é que nem sempre, fui tão doce quanto gostariam, e porque é que impunemente, de quando em vez, o “NÃO” perentório, escamoteava as minhas inseguranças.
O mundo da forma que está, não foi feito para facilitar a minha tarefa de mãe-trabalhadora.
Quando engravidei da minha primeira filha, a ideia de parar de trabalhar, nem me passou pela cabeça.Primeiro porque precisava de dinheiro, e ainda mais, depois de a ter nos braços... O trabalho era parte integrante de minha vida, bem como a empreitada materna, estando descartada a hipótese de eliminar qualquer uma destas obrigações.
Sei da luta interior, que enfrentei, para me permitir aquilo que para qualquer homem, é apenas um processo natural: o direito ao trabalho.
Decidi por isso, que trabalho e eu viveríamos em comunhão, tentando a maior harmonia possível.
E foi a partir do momento, em que a minha primeira filha nasceu, que comecei a educá-la.
Não ensinei a um bébé de um dia, elementos de etiqueta, não lhe disse que não deveria pôr o dedinho no nariz, mas iniciei logo um processo de amor, e que ela era muito amada, e essa era razão, fundamental da sua presença no mundo.
E daí por diante, quando decidi que teria mais filhos, e nasce a minha segunda filha, o processo desenvolve-se de forma natural, sempre a fazer questão de transmitir que o trabalho da mãe, não era, nem nunca se tornaria num empecilho, que pudesse de algum modo, sobrepor-se ao amor que por elas tinha.
Quantas vezes ao ir para o trabalho, as duas me pediam para não ir e para ficar com elas a brincar, quantas vezes, quando alguma delas, doente, teve que ficar com alguma das avós, para eu passar o dia trancada no escritório? Cheguei a sentir-me a mais sinistra das mulheres.
Fiz questão de estar presente em pelo menos uma das refeições diárias, de acompanhar o trabalho da escola de estar com elas ao encerrar do dia , deitá-las na cama e combinar o fim de semana seguinte.
E pergunto-me agora, que mãe teria sido eu se tivesse deixado de trabalhar em prole das crianças?
Vejo-me estranhamente empobrecida. Sem trabalho teria sido por certo um ser humano mais pobre, dependente, e a dependência é sempre empobrecedora.
E estando eu reduzida ao pequeno mundo doméstico, que educação poderia trasmitir às minhas filhas? Não censuro todavia, as mães que por opção de vida entenderam que o melhor seria acompanhar os filhos desde o acordar, até à oração da noite.
Educação é palavra traiçoeira. Qualquer pessoa pode ser socialmente bem educada, sendo animicamente desprezível. É tempo de repensarmos o que quer dizer “educar”, e penso que essencialmente é o transmitir “um modo de vida”.
No meu conceito, as minhas filhas estão bem educadas, tornaram-se mulheres capazes, actuantes,dinâmicas, uma delas já é mãe, sem que para isso anulasse a sua participação na sociedade.
Não, não fui uma mãe ideal, e as minhas filhas até já descobriram o manancial dos meus defeitos, servem-se à fartazana, mas se eu não tivesse tido o meu próprio combóio, será que teria sido melhor educadora?
Juntas o dia inteiro, fermentaríamos os meus defeitos, num desgaste fatal para a nossa relação, e eu não ficaria mais mãe apenas pela kilometragem. Não creio que hoje conhecendo-me muito bem, me teçam um hino de louvores, mas vivo tranquila, pois o universo “dos bons modos”, é um problema que preocupa apenas as mentes dos “poucochinhos”!!!

Quero aqui também deixar uma palavra, ao amor de PAI, pois sem a sua ajuda, criar as mulheres que hoje temos, era tarefa bem mais difícil.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Dir-te-ei sempre

You're my bread when I'm hungry
you're my shelter from troubled winds
You're my anchor in life's ocean
but most of all you're my best friend




terça-feira, 14 de setembro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Vida própria

Se dizem que todos fomos criados à imagem e semelhança do mesmo, porque é que somos todos, tão diferentes?
Será do tico e do teco?
Será porque alguns de nós conseguimos ter vida própria, e outros alguns gostariam de conseguir ter vida?

Conselho: Arranjai vida, minha gente... A vossa própria VIDA !

domingo, 5 de setembro de 2010

Coragem, onde moras?

Coragem
obstruída,
pelas marés 
da vida, que se vive ou se pendura!
Coragem...
cavalo a galope
estacando
em obstáculo
impenetrável
da vida que se vive ou se pendura!
Coragem...
um sem fim, de
vírgulas
onde o ponto final
está longe
Coragem...
a minha coragem,
é falha 
da criação ! 



quinta-feira, 2 de setembro de 2010

"A gota de ouro"


"- Mas diz-me, supondo que o alto dignitário que retratas sofre de uma defeito físico, verruga, nariz partido, olho estrábico, vazado, que sei eu.
Reproduzes essa deformidade ou esforças-te por disfarçá-la?
- Senhor, eu sou retratista e não cortesão.
Pinto a verdade.
A minha honra chama-se fidelidade."


O autor toca num dos pontos mais decorrentes da nossa  época: a tendência das massas em se fixarem num mundo de fantasia, falsidade, e plástico…

 
 
 
 

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Estratégia de distracção

"Estratégia de distracção", diria que serve, para tentar mostrar aquilo, que se não é.
A principal frente de incêndio, não são as altas labaredas com que se debatem as "gentes", mas sim o absurdo pacifismo com que enfiamos os barretes, que minuto a minuto nos oferecem!

domingo, 29 de agosto de 2010

Animação sobre Comportamentos Obcessivos/ Animation Obsessive Behaviors

Não tenho vocação para reeducar adultos impertinentes.
No meu mundo, entra quem eu deixo e permanece quem merece.
Aqui: o meu conselho para alguns, sem menosprezo por estes trabalhos.




Pragança

Regularmente os fim de semana são passados, nesta maravilha 
O pior são as ervas, sempre a crescer...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O que é estar só?

Estudos demonstram que a solidao é mais frequente nos individuos que têm um reportório de comportamento limitado.
Têm mais tendência à solidão aqueles que têm pouco com que se ocupar, fisíca e mentalmente.

Se quisermos não estamos sós.

Rodando no exiguo espaço do isolamento, a pergunta formulada é: - Porquê eu?
Nestas condições, se mergulharmos ao que chamam "solidão" , traremos  um enriquecimento precioso; conhecimento de Si, que até pode ser pescado no fundo, mais escuro e lodoso.
Se nunca descermos, mantendo à superfície uma vida mais fácil, seremos sugados pelo remoinho da solidão,e teremos menos posibilidade de um encontro maior.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Porque não desisto

Já quase tinha desistido, deste blog.
Não foi formatado para me dar a conhecer ao mundo. Até porque grãozinho que sou, despercebida gosto de circular por aí.
Raramente, mas muito por acaso, comento em blogs, até porque nada me reserva o direito ou obrigação de dizer se concordo ou não com o que escrevem. Todos somos livres! Daí que fomentar amizades ou o contrário na blogoesfera, não é nada que particularmente me alicie.
Gosto de amizade "olho no olho", sentir o outro. E as palavras mentem, como todos sabemos.
Difícilmente invisto nestas experiências,até porque quase sempre que conheci alguém por aqui, tornou-se desilusão, porque as palavras são, um dos mais belos veículos da mentira, e nada, mas absolutamente nada me apela à agressão, aquela que explode por vezes à nossa revelia, deixando o outro magoado e nós mesmos perplexos.
Daí que a exigência de seguidores se torne nula.
Escrevo para mim. Vou rabiscando o que me apetece, e aquilo que outros escreveram e alguma coisa me diz.
Gosto do Sol e o seu calor, eu sinto na pele.
Esta coisa virtual, é fria e demasiado calculista,  apesar da elegância com que a maioria se delicia a deixar comentários por aqui e por ali e a contar seguidores.
Esse não é o fio condutor.
A linha, é ser verdade na mensagem.
Vou continuar, apesar das mágoas que este blog já me deu...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Não cruze os braços diante de uma dificuldade, pois o maior homem do mundo morreu de braços abertos!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Pedras no caminho?
Guardo todas,
um dia vou construir um castelo...

Fernando Pessoa

sexta-feira, 28 de maio de 2010


"Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz."
(Dummond de Andrade)



Não creio que alguém, possa ter muitas e grandes amizades que perdurem pelos tempos do viver.Uma grande amizade, não é fácil. É preciso querer, cultivar e ter dedicação necessária, para poder superar momentos de crise.Nem sempre a amiga fiel da infância e juventude é nossa melhor defensora na vida.No nosso universo diário vamos encontrando pessoas com as quais harmoniosamente podemos acomodar ideias e afectos, que com o passar dos tempos tornam-se ligações distintas, não perdendo todavia a mesma classificação: - “amizade”.Quando adolescente, temos a amiga, que é um ouvido, não um repressor. A grande mecânica das confidências começa cedo, não contamos um segredo à nossa mãe. Mãe é Lei, a mãe assusta-se, escandaliza-se, esperneia, castiga, conta ao pai. A mãe, é nessa altura, o pior terreno para plantar confidências.Com a amiga, fazemos o intercâmbio do “top secret”, da camisola, do livro, do baton, da sofreguidão de contar as mesmas coisas, pela décima vez , vamos bordando e tecendo sobre tudo e sobre o quase nada. A amiga ouve e entende, ela tem segredos semelhantes, como tal acompanha-nos.Nessa fase de permuta de identidades, a vergonha desfaz-se. Não há vergonha da amiga!Nas amizades mais longas, o entendimento é tal, que com facilidade chegamos com meias palavras, lá onde os outros não chegariam nem com muitas palavras inteiras.Mas nós vamos crescendo, e nem sempre da mesma forma.Adquirimos novos hábitos, temos novos interesses, vemos a vida de novas formas, e por vezes criamos outras amizades paralelas, que desgraçadamente se confundem com a “amiga dos segredos”.Estabelece-se então um jogo de intrigas e competição, coloca-se no plano das vitórias pessoais, a conquista dos outros. É o momento das frases venenosas, do diz-que-disse, dos recados malévolos, e aí iniciamos uma nova etapa de conceito de amizade.Começamos a sentir-nos um trapo, a ternura que dedicámos à amiga , tem que ser revista, para que não fique uma amiga a reboque da outra.Já em idade adulta, aprendemos que a amizade, não precisa de exclusividade para ser mais forte, não temos que telefonar, sem um motivo prático, podemos viver na mesma cidade,e estarmos juntas só duas vezes por ano.Uma grande ligação, pode por vezes decepcionar-nos acidentalmente, pode enfraquecer as expectativas da adolescência, mas não culpemos a amizade, mas sim o nosso discernimento.Fica-nos a certeza que com o amadurecimento e com o tempo, a selecção torna-se mais fácil, e poderemos saber então, com segurança, quem virá conosco até ao fim.

quinta-feira, 27 de maio de 2010


Uma explanada,
um café,
um cigarro,
um reencontro,
uma amizade,
uma conversa
que ficara por fazer
no tempo,
que é imenso...
- Aconteceu!

segunda-feira, 24 de maio de 2010


chagall-the-white-window



O MENINO GRANDE

Também eu, também eu,
joguei às escondidas, fiz baloiços,
tive bolas, berlindes, papagaios,
automóveis de corda, cavalinhos...

Depois cresci,
tornei-me do tamanho que hoje tenho.
Os brinquedos perdi-os, os meus bibes
deixaram de servir-me.

Mas nem tudo se foi:
ficou-me,
dos tempos de menino,
esta alegria ingénua
perante as coisas novas
e esta vontade de brincar.

Vida!
não me venhas roubar o meu tesoiro:
não te importes que eu ria,
que eu salte como dantes.

E se riscar os muros
ou quebrar algum vidro
ralha, ralha comigo, mas de manso...

(Eu tinha um bibe azul...
Tinha berlindes,
tinha bolas, cavalos, papagaios...

A minha Mãe ralhava assim como quem beija...
E quantas vezes eu, só pra ouvi-la
ralhar, parti os vidros da janela
e desenhei bonecos na parede...)

Vida!, ralha também,
ralha, se eu te fizer maldades, mas de manso,
como se fosse ainda a minha Mãe...


Sebastião da Gama
Eu hoje deveria escrever alguma coisa, mas não sou capaz.
Não saiem as letras, não solto palavras, não fluem frases.
Estou a tentar arranjar tudo e como nada consigo, sirvo-me do lindo poema de Sebastião da Gama.

sábado, 22 de maio de 2010

Oração pela Familia



Que nenhuma família comece em qualquer de repente
Que nenhuma família termine por falta de amor
Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente
E que nada no mundo separe um casal sonhador!

Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte
Que ninguém interfira no lar e na vida dos dois
Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte
Que eles vivam do ontem, do hoje, e em função de um depois!

Que a família comece e termine sabendo onde vai
E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai
Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor
E que os filhos conheçam a força que brota do amor!

Abençoa, Senhor, as famílias! Amém!
Abençoa, Senhor, a minha também (bis)

Que marido e mulher tenham força de amar sem medida
Que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão
Que as crianças aprendam no colo, o sentido da vida
Que a família celebre a partilha do abraço e do pão!

Que marido e mulher não se traiam, nem traiam seus filhos!
Que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois!
Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho,
seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois!

Que a família comece e termine sabendo onde vai
E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai
Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor
E que os filhos conheçam a força que brota do amor!

Abençoa, Senhor, as famílias! Amém!
Abençoa, Senhor, a minha também (bis)


Padre Zezinho
Composição: Padre Zezinho


De vez em quando vale a pena olhar a nossa história, e lembrar muito do que nos foi belo.
O Padre Zezinho, acompanhou com as suas orações, através das diversas formas de comunicação uma etapa da minha vida, a adolescência. Durante a época a que pertenci ao Grupo de Jovens da Paróquia, foi também a cantar que aprendi a falar com Deus.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Vonda Shepard




Why does the sun go on shining?
Why does the sea rush to shore?
Don't they know it's the end of the world
'Cause you don't love me any more?

Why do the birds go on singing?
Why do the stars glow above?
Don't they know it's the end of the world?
It ended when I lost your love.

I wake up in the morning and I wonder
Why ev'rything's the same as it was.
I can't understand, no I can't understand
How life goes on the way it does

Why does my heart go on beating?
Why do these eyes of mine cry?
Don't they know it's the end of the world?
It ended when you said goodbye

Don't they know it's the end of the world?
It ended when you said goodbye.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O amor é o amor

O amor é o amor - e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?..

O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois? -
espírito e calor!
O amor é o amor - e depois?!
Alexandre O´Neill

Sou uma mulher amada!


segunda-feira, 10 de maio de 2010

Bento XVI



CARTA ENCÍCLICA
CARITAS IN VERITATE
DO SUMO PONTÍFICE
BENTO XVI



“O amor na verdade — caritas in veritate — é um grande desafio para a Igreja num mundo em crescente e incisiva globalização. O risco do nosso tempo é que, à real interdependência dos homens e dos povos, não corresponda a interacção ética das consciências e das inteligências, da qual possa resultar um desenvolvimento verdadeiramente humano. Só através da caridade, iluminada pela luz da razão e da fé, é possível alcançar objectivos de desenvolvimento dotados de uma valência mais humana e humanizadora. A partilha dos bens e recursos, da qual deriva o autêntico desenvolvimento, não é assegurada pelo simples progresso técnico e por meras relações de conveniência, mas pelo potencial de amor que vence o mal com o bem (cf. Rm 12, 21) e abre à reciprocidade das consciências e das liberdades.”

A verdade é que a Igreja, é algo muito superior, aos pecados de alguns dos seus seguidores.

sábado, 8 de maio de 2010

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Para ti mãe:



ilustração de Jessie Willcox Smith

Pequeno poema

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...


Sebastião da Gama

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A GUERRA DAS CALÇAS

Corria o maravilhoso ano de 1969. A questão era se era legal as mulheres usarem calças. É ler porque se trata de um artigo muito interessante para perceber como era a sociedade portuguesa há 41 anos



A GUERRA DAS CALÇAS

sábado, 17 de abril de 2010

...
Agora retrocedo, leio os versos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...
Miguel Torga,

segunda-feira, 22 de março de 2010

GOSTO DE FADO III

Raquel Tavares

"Fala da mulher sózinha"




Já estou farta de estar só
Acompanhada de nada
Já estou louca de ser rua
Tão corrida tão pisada
Já estou prenhe de amizade
Tão barriga de saudade

Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão
E nela entrelaçar
O olhar de uma canção
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto
Mais longe e mais além
Mas a saber que sou alguém

Na cidade sou loucura
Sou begónia sou ciúme
E eu que sonhava ser rua
Caminho atalho lonjura
Não tenho assento na festa
Sou a migalha que resta.

Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão
E nela entrelaçar
O olhar de uma canção
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto
Mais longe e mais além
Mas a saber que sou alguém

Autores:Eduardo Olímpio / Paco Bandeira

Foi mais um dia. Olhei para ti, falei contigo, e nada me mostrou que a vida te sorri.

O olhar vago, para aquele jardim, cheio de flores,de que tanto gostas, entristece-me.

A mão, que já não aperta a minha, como que a dizer-me que estás feliz por me ver, está inerte.

Volto-me de costas, choro, e penso:

"Por algum motivo, Deus te estará a dizer, que apesar de tudo, vale a pena estares aqui ao pé de nós."

Não quero que me vejas chorar, quero rir, e mostrar-te a esperança, mesmo que desconheça, se ainda sabes o que é.

domingo, 21 de março de 2010

Ei-la que chega; A PRIMAVERA

Tres mulheres na Primavera
Pablo Picasso

“A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos… . Os casulos brancos das gardénias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efémera.”
(Cecília Meireles)

domingo, 7 de março de 2010

GOSTO DE:

Música de Rodrigo Leão




"queria de ti um país de bondade e de bruma
queria de ti o mar de uma rosa de espuma"

Mário Cesariny

terça-feira, 2 de março de 2010

UM AMOR

Aproximei-me de ti; e tu, pegando-me na mão,
puxaste-me para os teus olhos
transparentes como o fundo do mar para os afogados. Depois, na rua,
ainda apanhámos o crepúsculo.
As luzes acendiam-se nos autocarros; um ar
diferente inundava a cidade.
Sentei-me nos degraus do cais, em silêncio.
Lembro-me do som dos teus passos,
uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas,
e a tua figura luminosa atravessando a praça
até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é,
o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares ali,
continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha
essa doente sensação que
me deixaste como amada
recordação.
Poema de Nuno Júdice