«Não é sinal de saúde estar bem adaptado a esta sociedade doente»
Jiddu Krishnamurti

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Independência

Independencia é uma forma de nos colocarmos em relação à vida, que abrange a totalidade ou quase das nossas acções.

Independência é a condição de não depender , de não ser tutelada de ser dona das próprias decisões, de ser autónoma.
E aí teremos que enfrentar a ideia argentária. Não é um conceito edificante, mas sem independência económica, não existe independência.
A partir do facto elementar que é preciso comer, e não há comida gratuita, porque mesmo que plantemos, precisamos de solo, e de uma semente para geminar.
Com um salário na mão definimos os nossos padrões, o que podemos fazer, onde podemos morar e até onde podemos ir.
Mas será que independência é tão simples assim?
Todo o conhecimento é necessário para chegarmos e manter a independência.
Não se trata apenas de afirmá-la, mas também de demonstrá-la.
Não basta o conhecimento de uma profissão, embora seja indispensável para o tal caminho do sustento, mas para cuidar de nós é preciso muito mais, e não me refiro aos cursos, às roupinhas ou às nossas necessidades supérfluas.
É preciso sabermos em que mundo vivemos, quem nos rodeia, quais as nossas grandes questões.
São estes conhecimentos que dão à vida uma arquitectura mais sólida.
Sustentar uma vida é nada mais que arrumar as nossas dúvidas, perante as respostas que se nos oferecem.
E na hora do arrumo, quando estamos com a bateria quase descarregada, vamos conferir a contabilidade e damos de caras com um benefit, que nos mostra que há sempre um amanhã promissor à nossa frente. Um amanhã movimentado. Vital, com trabalho, fraquezas a vencer e forças novas a despertar.
Privilégio é a forma como nos sentimos compensados, reconhecer que não damos só importância à conta da luz, ou por não termos com quem sair numa noite de sexta feira.
Independência é não ter medo de crescer, independentemente da nossa idade.

Ou seja independência é coisa muito profunda, que não basta entregar a uma empresa
de mudanças.

8 comentários:

  1. Ah, senhora, assim sim! Isso é que foi inspiração! Adorei o texto.
    Desde miúda que os meus pais me dizem que sou demasiado independente, e castigam-me por isso, desde sempre. Queriam uma submissa e saiu-lhes uma destravada, com ideias e garra de um amanhã melhor, conquistado por mim.
    A independência é isso mesmo, acreditar na nossa própria capacidade de construir mais e melhor, nem que seja amanhã...

    Beijo e saúd(ad)e.
    Isa

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  2. De facto o seu texto é profundo e carregado de muita verdade .... Mas , eu que sou daquelas que estou sempre de pé atrás , meço muito bem os prós e os contras e só depois avanço , assim como se estivesse a querer escalpulizar o futuro.... , tenho concluido que :
    Nem sempre a melhor solução é batermos o pé e seguirmos em frente ,sem ouvirmos aqueles , que mais batidos pela vida , nos chamam a atenção para este ou aquele ponto que talvez não estejamos a ver pelo melhor prisma ...Claro que ,em «total independência »!!! (só viver em sociedade já no-la está a cercear...),poderemos sempre dizer que se «batermos com a cabeça na parede foi porque assim o quisemos e que até acabamos por crescer !! Certo , não digo que não , só desejo que tenha mesmo valido apenas .
    Ora , esta que aqui vos está a «discursar » também teve os seus momentos de declaração de independência que foi logo quando «escolheu marido «!!! Se bati com a cabeça ? Se o saldo valeu a pena ? É possível que sim , mas que ao nível do tal «argentário » no início passei algumas das passas do Algarve ... Como me dizia há algum tempo uma prima muito mais nova , «mas fizeste o que quiseste » ... Sim , porque eu também era daquelas que quando decidia estava decidido ,antes quebrar que torcer !!!... Mas , conheço alguns que agora só dizem :«não vale a pena chorar sobre o leite derramado!!!»
    Sabem que lhes digo , viver não é fácil , mas afinal todos nós queremos viver e devemos fazê-lo de acordo com o que desejamos ...se possível .
    E para terminar a prelecção,
    Sejam felizes
    Beijos
    Quina

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  3. Isa:
    É isso mesmo, independentemente do que somos hoje, ou pensamos que somos, o bom é olhar para a frente e torná-lo melhor que agora.
    Beijo Grande

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  4. Quina
    Já colhi opinião de alguns bastiões da verdade, que se me atravessaram na vida, e nem por isso,fui mais feliz.
    Não sou mulher de muita exigência,tenho sabido entrar e ajeitar-me dentro dos vários cubículos que a vida me tem dado, sem nunca ter corrompido,a riqueza (valores) herdada.
    Ah, mas tenho luxos, sim senhora, e não deito fora, nada daquilo que me dá prazer, como ter
    "pelo na venta",por exemplo,o que também já me deu dissabores, mas como a cada dia, a vida me dá pistas de como separar o luxo do supérfulo, cá vou vivendo como posso...
    Um beijo grande

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  5. Olá Eduarda!

    A independência total é uma utopia. Todos somos, de algum modo dependentes e a todos os níveis.

    Somos dependentes do outros via relações que forçosamente estabelecemos para que possamos viver com alguma sanidade mental.Ninguém é feliz só!
    Somos dependentes de tudo que faz o Mundo um lugar habitável; de sol, de luz, de água, de mar, de luar, de tudo mesmo...

    Somos ainda dependentes de bens essenciais materiais para que possamos viver com dignidade, com o conforto que cada um sente ser necessário para si, sem isso não há felicidade.

    Em termos de independência no contexto de liberdade, aí sim! Penso que devemos sempre lutar por essa ambicionada liberdade, que tantas vezes nos é negada e sobretudo a nós mulheres.

    "Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda."
    — Cecília Meireles.


    Tema que dá pano para mangas :)
    Gostei muito de a ter visitado.
    Voltarei.
    Beijinho

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  6. Fernanda
    Começo por lhe agradecer a visita,abrindo-lhe as portas desta casa, como sua.
    É facto que o que escrevi sobre independência não é, nem nunca a entendi como Liberdade absoluta, isso seria mergulhar num mundo de isolamento e desrespeito pelo outro.
    Dependêntes da vida e de todo o contexto que a envolve, estamos todos, e por isso estamos de bem com ela. De outra forma viajaríamos em contramão.
    Um abraço

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  7. O seu texto"independência" é um magnífico detonador para convergências e divergências posicionais e pessoais...sempre fui rebelde, reservado, e defensor da independência, pelo que adorei as diversas respostas a esse respeitoso tema. Felicito-a pela escolha... beijos

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  8. Obrigada António.
    Tal como diz a Ná; -é tema que dá pano para mangas.
    Talvez um outro dia, me resolva a escrever sobre os diversos tipos de independência,esperando os seus comentários como ajuda a uma salutar discussão.
    Um abraço

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