«Não é sinal de saúde estar bem adaptado a esta sociedade doente»
Jiddu Krishnamurti

segunda-feira, 6 de junho de 2011


A década de 70 acaba, e entramos na seguinte com muita… ah quanta!, esperança na democracia.

Já antes tínhamos tido oportunidade de ver tiranos comerem pó, vimos cair o Franco, Salazar, caiu Bokassa, o Xá , Idi Amim esborrachou-se, Somoza abateu-se…ditaduras foram-se finando e nós por cá, que nos julgávamos frágeis, levantámos as mãos, levantámos a voz e começámos a avançar.

Um novo fôlego se nos oferecia.

Na verdade, o trabalho, que abrira o seu leque, com alarde, era decorrente daquele que se iniciara discretamente muitos anos antes. E apesar da divergência de opiniões a integração de todos era-nos assegurada pelo desenvolvimento de relações amigáveis e cooperação entre as diversas classes emergentes no país. Assim; o combate aos preconceitos, o direito à instrução, uma maior participação nos órgãos centrais de decisão, a justa distribuição dos benefícios originados pelo grau de desenvolvimento que conseguíssemos, eram mecanismos de aplicação para um plano, que ao longo destes anos foram deixados ao critério de cada um… e embora tenhamos hoje grandes melhorias, a batalha não acabou.

Chegados a uma situação grave, onde medidas urgentes são pedidas em relatório encaminhado para todos nós, e o não cumprimento das obrigações que nos foram atribuídas, torna-se um combate difícil e sem prazo. Está em causa o garante da subsistência de muitos, o que perante o nível de abstenção atingido nestas últimas eleições, parece-me dramático, para uma população que há tantos anos esperava uma situação bem melhor para os seus filhos.

Acordemos pois, para o facto dos nossos filhos e netos, não sentirem orgulho na nossa geração, bem podemos ouvi-los gritar, escrever, reclamar nas ruas, nos congressos, nos gabinetes, essas são ainda as garantias que lhes damos... por enquanto, e se algum sorriso subsiste será mais de insegurança, do que de pazes feitas, pelo final do processo.


10 comentários:

  1. Olá Eduarda , o início recordou-me tempos de esperança ...mas ,depois postou-me face à actual realidade ! Sinceramente começo a temer uma viragem radical da juventude à direita , para não falar em extremos . Não em casos pontuais mas pelo aquilo que vou analisando à minha volta . Se assim for , o que será terrível ,pergunto-me : porque falhámos ? Só porque quisemos que os que vieram depois tivessem acesso àquilo pelo qual nós tivemos de lutar ? Não sei ....aguardo ,mas com preocupação.. .
    Beijinho
    Quina

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  2. Amiga Eduarda!

    Esgotei as palavras para este tema. Estou cansada!
    O povo fala, talvez até saiba o que diz, não sei! Sei que está aturdido com tanta mentira e os poucos mais esclarecidos não fazem a diferença... por enquanto!

    Beijo doce

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  3. Eduarda

    Magnífica complementaridade entre texto e imagens!

    Nas palavras leio a preocupação, mas as imagens, pese embora a pobreza, reflectem esperança e a capacidade de ser feliz.

    (Aquela menina, no seu enlevo pelo gatinho, sou eu em passada encarnação...)

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  4. Quina
    Em absoluto acordo consigo, acho que falhámos.
    Beijinhos

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  5. Fernanda
    Sab que também já me sinto cansada, mas ainda não esgotei as minhas forças, quero continuar a lutar enquanto puder.
    Beijinhos

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  6. Fátima
    Por vezes sinto falta dessa capacidade de que que falas.
    Mas lá vou tentando!
    Beijinho

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  7. Eu sou a filha que sofre as consequências... compraram uma casa em meu nome (créditos e bonificações facilitadas) e deixaram-me com a dívida à perna e sem casa! Licenciada, tudo bonitinho, e até casas-de-banho já limpei para dar de comer à minha filha. Boa vida! Mas há coisas que ninguém me tira: os meus sonhos, a minha vontade e a minha verdade!

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  8. Isa
    Há sempre alguém que aproveita as fraquezas de outros, lamentavelmente por vezes estas situações nascem de quem menos se espera.
    Mas essa, não é uma questão geracional, por infeliz que seja é transversal aos tempos.
    Beijinho

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